Crítica
Uma Crítica à Monocultura das Conversas
Há uma teoria popular e repetida à exaustão — “política, religião e futebol não se discutem”. Ironicamente, é sobre isso que mais se discute. Parece até que esses três eixos se tornaram os únicos sustentáculos do diálogo cotidiano, como se fossem as últimas colunas em pé de uma civilização falida em repertório. O que era para ser evitado se tornou o prato principal, e qualquer outro assunto, se não orbitando ao redor desses temas, é descartado como irrelevante, chato ou intelectual demais. Leia também: Conversas: Entre o Respeito e o Ruído O problema não é falar de política, religião ou futebol, mas reduzir toda possibilidade de conversa a esses três…
Deus Odeia? A Contradição dos que Falam por Deus
Assisti a um vídeo profundamente desconcertante. Nele, uma jovem pergunta à mãe o que ela pensa sobre relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. A resposta vem cortante: “Eu respeito, mas Deus odeia.” A conversa progride até a revelação da filha: ela é lésbica. A mãe, em aparente dilema, repete: “Filha, eu te amo, mas Deus odeia isso.” Essa frase — aparentemente equilibrada — revela uma fratura teológica e humana. Há uma tentativa de manter o afeto, mas sem abrir mão do julgamento. Como se o amor fosse possível sem aceitação. Como se o afeto pudesse coexistir com o ódio divino terceirizado. Comecemos do princípio: Deus é amor (1Jo 4.8). Não…
Conversas: Entre o Respeito e o Ruído
Vivemos numa era em que tudo se diz, mas nem tudo precisa ser dito. Em nome da liberdade, muitas conversas ultrapassam os limites do saudável e mergulham em exposições desnecessárias, ofensivas ou que simplesmente não edificam. Não falo aqui de censura, mas de discernimento — aquele velho e esquecido senso de limite que nos ajuda a filtrar o que deve ser falado, com quem, onde e por quê. Leia também: O Debate na Fé Cristã: Diálogo e Maturidade Um exemplo disso são as conversas de cunho sexual em que se expõe a intimidade própria ou alheia. Confundir isso com uma conversa sobre sexualidade é um equívoco. Falar sobre sexualidade é…
Confissão Pública: Análise do Caso do Pr. Paulo Júnior
Introdução: A Confissão e Suas Contradições O recente vídeo do Pr. Paulo Júnior, no qual ele se declara publicamente arrependido por sua “agressividade”, gerou reações diversas. Alguns o elogiam pela suposta humildade, enquanto outros, como eu, enxergam pontas soltas que merecem uma reflexão mais profunda. A Bíblia nos ensina que o arrependimento verdadeiro (μετάνοια, metanoia) implica em mudança de mente e comportamento (Atos 3:19), e não apenas em palavras. Será que esse caso cumpre com os critérios bíblicos de um genuíno arrependimento? Leia também: A Queda Humana e a Realidade do Pecado Se ainda não assistiu, aqui está o vídeo: 1. A Falta de Especificidade: O Que Realmente Aconteceu? O pastor…
Os Donos da Fé: Monopolização da Cosmovisão Cristã
Introdução: O Dogma como Instrumento de Poder Desde os primórdios da Igreja, a disputa pela interpretação “correta” das Escrituras e a busca pela tem sido uma arena de conflito, onde o poder teológico se confunde com o poder político. Hoje, não é diferente. Um grupo específico, autoproclamado guardião da “verdadeira cosmovisão cristã”, ergue-se como juiz inquestionável da ortodoxia, determinando quem está dentro ou fora dos muros da fé aceitável. Essa elite teológica, muitas vezes vinculada à tradição reformada, opera sob a ilusão de que sua interpretação é pura, objetiva e livre de influências culturais, enquanto todas as demais são contaminadas por “agendas identitárias” ou “viéses modernos”. Mas quem, de fato,…
Igrejas Adultas ou Crianças Espirituais?
A imagem de uma igreja que desmorona na ausência do pastor é, infelizmente, uma realidade em muitas comunidades cristãs hoje. Ouvimos frequentemente líderes afirmando: “Minha igreja precisa de mim, ela não funciona sozinha”, ou “Se eu sair por um mês, tudo desanda”. Essas declarações, embora possam refletir uma preocupação genuína, também revelam uma triste verdade: muitas igrejas, mesmo após anos de existência, ainda agem como crianças espirituais, incapazes de caminhar sem o constante auxílio de um líder. Mas qual é a raiz desse problema? E como podemos, à luz das Escrituras, repensar essa dinâmica? Leia também: Pastor Também é Ovelha A Dependência Infantil das Igrejas A analogia de uma igreja…