Neurodiversidade

  • A imagem mostra um homem sentado em um banco de praça, em perfil, com expressão pensativa. Ele apoia o queixo na mão, olhando para o horizonte, imerso em seus pensamentos. Ao fundo, pessoas caminham, mas estão desfocadas, representando um contraste entre o movimento do mundo e a introspecção do personagem. O cenário é arborizado, transmitindo um clima calmo e reflexivo.
    Autismo,  Neurodiversidade

    Reflexões Antes de Me Saber Autista

    Alguns meses antes de receber meu diagnóstico de autismo, escrevi um texto que publiquei no Facebook. Naquela época, eu sequer sabia o que era ser autista. Eu não tinha ideia de que certas características que sempre carreguei, e que achava apenas traços da minha personalidade, na verdade, eram expressões de um funcionamento neurológico diferente. Escrevo agora, revisitando aquele relato, com um olhar mais consciente, mas sem alterar a essência do que vivi. Leia também: Meu Processo de Diagnóstico de Autismo Minha vida inteira carreguei uma capacidade muito intensa de empatia — mas não aquela empatia romântica, superficial, que às vezes é confundida com simpatia ou gentileza social. Trata-se de uma…

  • Na imagem, um grupo de sete pessoas está reunido em uma mesa redonda de madeira ao ar livre, em um ambiente cercado de árvores e vegetação. Todos estão sorrindo, demonstrando alegria, acolhimento e amizade. Sobre a mesa, há vários livros abertos, indicando uma conversa descontraída sobre temas como Bíblia, teologia ou estudo. O clima é leve, agradável e acolhedor, refletindo comunhão, inclusão e amor prático entre os participantes. A luz do sol atravessa as árvores, iluminando suavemente a cena e reforçando a sensação de paz e conexão.
    Neurodiversidade,  Teologia da Deficiência

    Sobre o Corpo, os Membros e o Amor Que se Faz Carne

    Há quem pense que amar seja verbo de assento macio, que se conjuga em discursos, abraços frouxos e promessas lançadas ao vento. Mas há um amor que é verbo de chão, de calo nas mãos, de mesa posta, de escuta atenta. Amor que não se limita a dizer “você é bem-vindo”, mas que se traduz em “aqui está seu lugar.” No Corpo, há muitos membros, dizia Paulo, o apóstolo. E cada um com sua função, seu compasso, sua cadência. O problema é que nem sempre o Corpo lembra que nem todo pé corre, nem toda mão toca, nem todo olho vê da mesma maneira. Às vezes, esquecemos que há membros…

  • A imagem mostra uma jovem sentada, encostada em uma parede de tijolos, com expressão de tristeza e solidão, olhando para baixo. Ela veste uma jaqueta jeans e calça jeans. Ao fundo, um grupo de pessoas está de pé, conversando entre si, desfocado, reforçando a ideia de exclusão social e isolamento. O ambiente parece ser um corredor ou passagem urbana, com iluminação fria e ambiente um pouco escuro. A cena transmite fortemente a sensação de solidão e desconexão.
    Autismo,  Neurodiversidade

    O Silêncio das Amizades que Nunca Vieram

    Uma das maiores dores silenciosas entre pessoas autistas é a ausência de amizades verdadeiras. Não se trata apenas de não ser querido ou de não estar cercado por gente; trata-se de nunca ter, de fato, experimentado a cumplicidade mútua, aquela que nasce da troca de dores, segredos, medos e sonhos. Amizade, em sua essência mais profunda, é uma forma de abrigo onde duas verdades se encontram e escolhem permanecer. Para muitos autistas, essa casa nunca foi construída — ou foi, e rapidamente demolida. A psicologia das relações humanas mostra que a amizade depende de abertura emocional, reciprocidade e tempo. No entanto, para pessoas autistas, a abertura emocional é um processo…

  • A imagem mostra um homem de meia-idade sentado sozinho em um banco de praça, lendo um livro. Ele parece tranquilo e concentrado na leitura. Ao fundo, há algumas pessoas caminhando e conversando, mas estão desfocadas, dando destaque à solidão serena do homem no primeiro plano. A praça é arborizada, transmitindo um ambiente calmo e agradável.
    Autismo,  Neurodiversidade

    Não Sou Antissocial: Apenas Não Sei Chegar Até Você

    Durante boa parte da minha vida ouvi, direta ou indiretamente, que eu era “antissocial”. Parecia ser a explicação automática para meu silêncio, meu isolamento, minha dificuldade em interagir. Mas hoje, depois de muito aprender sobre mim mesmo e sobre o espectro autista, posso afirmar com segurança: eu nunca fui antissocial. Eu sou associal — e há uma diferença gigantesca nisso. Ser antissocial não tem nada a ver com o que eu sou. Antissocial é um transtorno de personalidade, muitas vezes associado à psicopatia, com traços de manipulação, desrespeito às regras e até mesmo violência. Essas pessoas rejeitam o convívio social por hostilidade ou desprezo. Leia também: Meu Olhar Autista Sobre…

  • A imagem mostra duas pessoas sentadas à mesa, em um ambiente simples e acolhedor, iluminado por uma luz pendente. Sobre a mesa de madeira há duas canecas com bebida quente e um bolo de chocolate no centro. Ambos estão sorrindo e conversando de forma descontraída. Não há enfeites ou decoração de festa, transmitindo uma sensação de simplicidade, aconchego e conexão genuína entre eles.
    Autismo,  Neurodiversidade

    Meu Olhar Autista Sobre Datas Comemorativas

    Há algo que há muito tempo carrego dentro de mim e que, aos poucos, fui aprendendo a aceitar — e agora sinto que é hora de expressar isso com clareza para quem convive comigo. Trata-se da minha relação com datas comemorativas, especialmente aniversários. Talvez algumas pessoas já tenham percebido pelo meu comportamento, por comentários nas redes sociais ou por meu silêncio em certas ocasiões. Outras, no entanto, ainda estranham — e até se entristecem — com o que vou dizer aqui: para mim, a maioria das datas comemorativas não faz sentido algum. Leia também: Flerte: Um Desafio Autista Antes que alguém pense se tratar de uma crise existencial, ou de…

  • A imagem mostra uma cena subaquática profundamente simbólica e poética: no fundo do mar, repousa uma concha gigante, de aparência realista, com texturas naturais e tons terrosos. Dentro dela, há uma pessoa nua em posição fetal, com o corpo curvado e os braços envolvendo os joelhos, como se buscasse proteção ou consolo. A luz do sol filtra suavemente pela superfície da água, criando um ambiente sereno, silencioso e melancólico. O fundo é de areia clara, sem distrações, reforçando a sensação de isolamento, introspecção e reclusão. A imagem evoca fortemente a ideia de vulnerabilidade, refúgio e esquecimento — uma metáfora visual poderosa da vida de pessoas com deficiência ou em situações de invisibilidade social.
    Neurodiversidade,  Saúde

    A Concha, o Corpo e o Silêncio: Crônica para os Esquecidos do Mar da Deficiência

    “As pessoas se esquecem das criaturas que vivem dentro das conchas”1.A frase passou pelo filme como o vento que atravessa uma cortina leve — quase imperceptível, mas suficiente para causar um estremecer na alma. E ficou. Não como uma lembrança, mas como uma ferida aberta. Uma sentença silenciosa escrita nas paredes úmidas das casas onde moram aqueles que não aparecem, aqueles que não performam, aqueles que não são lembrados porque não conseguem ser vistos. Leia também: Pessoas com deficiência e fé cristã A concha é metáfora, mas também é matéria. Ela é forma, mas sobretudo é existência. Para muitos de nós, ela não é um invólucro descartável. É carne, é…