Sociedade

  • A imagem mostra o interior de uma fábrica do século XIX, com estrutura de madeira e engrenagens grandes movendo máquinas a vapor. Há vários operários, todos homens, vestidos com roupas típicas da época — camisas de mangas arregaçadas, coletes e boinas — trabalhando de forma concentrada. O ambiente é sombrio, iluminado parcialmente por feixes de luz que entram pelas janelas altas. No fundo, penduradas na parede, há duas imagens religiosas emolduradas, sugerindo um elemento de fé no meio do trabalho pesado. O chão está coberto por palha ou fibras vegetais, e o ar parece denso com fumaça e vapor das máquinas. A atmosfera transmite esforço físico intenso, cansaço e um toque de devoção silenciosa.
    Artigo,  Sociedade

    A História da Dor: Entre a Cruz, o Mercado e o Silêncio

    Ao longo da história da humanidade, uma constante atravessa impérios, religiões, sistemas econômicos e correntes filosóficas: nós sofremos, a dor é real. Sofremos no corpo, na mente e na alma; sofremos na guerra e na paz; sofremos na abundância e na escassez. Cada época trouxe seus próprios tipos de dores, e cada indivíduo enfrentou — e ainda enfrenta — seus próprios “demônios”. Leia também: O Peso da Dor e o Silêncio dos Cúmplices O que muda, no entanto, é como a sociedade interpreta e lida com esse sofrimento. Nem sempre existiu o conceito de vitimização. Nas sociedades antigas, lamentar-se publicamente não era, via de regra, bem-visto. A dor, quando exposta,…

  • A imagem mostra uma ultrassonografia em tons de cinza de um feto em gestação, vista típica de exames pré-natais. Sobreposta à imagem está um grande “X” vermelho, em traços grossos e chamativos, sugerindo a ideia de cancelamento ou rejeição. No canto superior direito, há o texto “Solottot Abortion”, reforçando a associação com a temática do aborto seletivo. O contraste entre a delicadeza da imagem fetal e a marca vermelha cria uma forte carga simbólica, crítica e provocativa, remetendo à discussão sobre eugenia e decisões reprodutivas baseadas em diagnósticos genéticos.
    Política,  Saúde,  Sociedade

    Eugenia Abortiva: O Silêncio que Elimina os Indesejáveis

    Vivemos numa era em que os avanços da medicina genética e os testes pré-natais trouxeram conquistas inegáveis à saúde materno-infantil. No entanto, também revelaram uma face obscura da sociedade moderna: a crescente aceitação da eugenia abortiva — uma prática sistemática de eliminação de vidas consideradas “imperfeitas” ainda no ventre materno. A expressão pode parecer forte, mas é a mais apropriada quando analisamos o que está acontecendo com os bebês diagnosticados com Trissomia 21 (síndrome de Down) e outras condições genéticas na Europa e em muitos outros lugares. Leia também: O Papel da Igreja na Prevenção do Suicídio entre Pessoas Autistas Em países como Islândia, Dinamarca, Holanda e Reino Unido, os…

  • A imagem mostra uma Bíblia aberta sobre um mapa antigo, evocando a era do colonialismo. Ao redor da Bíblia, repousa uma corrente de ferro enferrujada, simbolizando a escravidão. A luz dourada que ilumina a cena vem da lateral superior direita, criando um contraste simbólico entre a opressão representada pela corrente e a liberdade e fé simbolizadas pela Bíblia. A composição sugere uma tensão entre o uso da religião para justificar a escravidão e seu poder libertador quando lida à luz do Evangelho. É uma imagem altamente simbólica e representativa de debates históricos, teológicos e éticos sobre o papel do cristianismo na escravidão.
    Ensaios,  Sociedade

    Entre a Cruz e os Grilhões: A Escravidão e a Ambivalência Histórica do Cristianismo

    Introdução A escravidão foi uma das instituições mais cruéis e persistentes da história humana. Entre os séculos XV e XIX, milhões de africanos foram arrancados de suas terras e submetidos a uma existência de servidão, violência e desumanização. O que causa perplexidade é o fato de que, durante grande parte desse período, o Cristianismo — a religião do Deus encarnado como servo — foi usado tanto para justificar quanto para combater a escravidão. Este ensaio propõe uma análise teológico-histórica dessa ambivalência, comparando as justificativas oferecidas por católicos e protestantes, tanto a favor quanto contra a escravidão. A partir disso, refletimos sobre a relação entre fé e poder, Bíblia e ética,…

  • A imagem mostra um comediante se apresentando em um palco de stand-up comedy. Ele segura um microfone com uma das mãos enquanto a outra está algemada, com uma algema solta pendendo do pulso — um símbolo visual forte, sugerindo a ideia de censura, prisão ou limites à liberdade de expressão. O comediante veste roupas casuais: camiseta preta, jeans e tênis. Ele aparenta estar envolvido emocionalmente com a performance, talvez fazendo uma piada intensa ou provocadora. A plateia à sua frente está lotada e demonstra reações diversas: algumas pessoas estão rindo entusiasticamente, outras parecem surpresas ou desconfortáveis. Essa diversidade de expressões reforça a ambiguidade do humor apresentado e a polarização que ele pode causar. A iluminação foca no comediante, deixando o fundo mais escuro, o que destaca ainda mais a figura central e cria uma atmosfera de tensão dramática misturada ao entretenimento. A cena representa visualmente o debate sobre os limites do humor, os riscos da transgressão em apresentações cômicas e o impacto do discurso cômico no público.
    Sociedade

    Humor Sem Freios: O Stand-up e a Parede da Lei

    O recente caso do humorista “Léo Lins”, condenado a mais de oito anos de prisão por declarações feitas em seus shows de stand-up comedy, reabriu um debate delicado, mas urgente: existem limites para o humor? Estaria a arte do riso acima da lei ou submetida a ela como qualquer outro discurso público? Defensores de uma liberdade de expressão absoluta sustentam que o humor deveria ser livre para provocar, chocar e satirizar. No entanto, quando se ultrapassa o campo da provocação e se entra na seara da humilhação, do preconceito e da incitação ao ódio, o que realmente importa é a legislação — e seus limites são claros. Leia também: Blackface:…

  • A imagem mostra uma balança dourada de dois pratos. De um lado, há uma miniatura de um prédio clássico de universidade, com colunas na entrada, jardins e arquitetura acadêmica. No outro prato, há uma miniatura de uma igreja com torre e cruz, representando a religião. A balança está equilibrada, sugerindo uma comparação simbólica entre os conceitos de universidade e religião no contexto de doutrinação, pluralidade e fé. O fundo é neutro, destacando os elementos principais sem distrações.
    Artigo,  Sociedade

    A Falácia da Doutrinação das Universidades

    Vivemos em um tempo marcado por discursos prontos, geralmente moldados por bolhas ideológicas, onde palavras como “doutrinação” são lançadas como dardos para demonizar instituições e desacreditar o saber crítico. Um dos alvos preferidos dessa retórica tem sido a universidade pública, acusada de ser um centro de “doutrinação esquerdista”. Porém, antes de aceitar tais acusações, é fundamental entender: o que é, de fato, doutrinar? E quem mais doutrina: a universidade ou a religião? O termo universidade carrega em si a noção de pluralidade. O próprio nome revela sua vocação: um universo de pensamentos. Ali se estuda arte, filosofia, ciência, religião, tecnologia, culturas e suas contradições. É o espaço da divergência, da…