Nos últimos anos, tem-se observado uma proliferação de diversas “teologias” que, sob um exame mais minucioso, pouco ou nada têm a ver com o verdadeiro ensino bíblico. Entre elas, destacam-se a “teologia” neopentecostal, a “teologia” da prosperidade, a “teologia” do domínio, a “teologia” da batalha espiritual e a “teologia” positivista. Coloco essas palavras entre aspas, pois são construções que distorcem a essência da fé cristã, afastando-se de qualquer base bíblica, lógica e coerente.
A “teologia” neopentecostal, por exemplo, muitas vezes se fundamenta em um emocionalismo exagerado, que negligencia a razão e o estudo aprofundado das Escrituras. Essa abordagem pode levar os fiéis a uma espiritualidade superficial, onde as emoções momentâneas substituem a fé enraizada no conhecimento e na compreensão da Palavra de Deus.
A “teologia” da prosperidade é talvez a mais perniciosa de todas. Promete riqueza e sucesso em troca de fé e contribuições financeiras, reduzindo Deus a um mero meio para se alcançar objetivos materiais. Essa visão mercantilista da fé não só distorce o evangelho, mas também cria uma falsa expectativa entre os crentes, levando muitos à frustração e ao desânimo quando suas expectativas não são atendidas.
Já a “teologia” do domínio promove a ideia de que os cristãos devem exercer poder e controle sobre todas as esferas da sociedade. Essa visão, além de ser uma interpretação errônea do mandato cultural dado por Deus, pode gerar um comportamento autoritário e intolerante, afastando ainda mais as pessoas da mensagem de amor e serviço pregada por Jesus Cristo.
A “teologia” da batalha espiritual, por sua vez, enfatiza excessivamente a presença de forças demoníacas e a necessidade de constantes exorcismos e rituais de libertação. Enquanto a Bíblia reconhece a existência do mal e das forças espirituais, a obsessão por essas práticas pode desviar os crentes da centralidade de Cristo e do poder redentor de sua obra na cruz.
Por fim, a “teologia” positivista, que se assemelha ao pensamento positivo secular, prega que basta pensar positivamente para atrair bênçãos e realizações. Essa abordagem ignora a soberania de Deus e a realidade do sofrimento e das provações na vida cristã, oferecendo um evangelho simplista e ilusório.
Essas “teologias” têm dominado grande parte do ensino da igreja evangélica brasileira, influenciando tanto denominações históricas, como Presbiteriana e Batista, quanto Pentecostais e linhas mais recentes. O resultado é um enfraquecimento da verdadeira doutrina cristã e uma geração de crentes mal preparados para enfrentar os desafios da fé com maturidade e discernimento.
Pouquíssimas igrejas no Brasil ainda pregam e ensinam as Escrituras com fidelidade. Essas poucas igrejas resistem à tentação de adotar modismos teológicos e permanecem firmes na sã doutrina, promovendo um ensino bíblico sólido e relevante. É urgente que voltemos às Escrituras, que redescubramos a profundidade e a beleza do verdadeiro evangelho, e que nos afastemos dessas distorções que só servem para confundir e desviar os crentes.
É responsabilidade dos líderes cristãos, teólogos e pastores, assegurar que o ensino em suas igrejas seja fiel à Palavra de Deus. A igreja deve ser um lugar de crescimento espiritual, onde a fé é fortalecida pela verdade bíblica e não corrompida por modismos passageiras e “teologias” superficiais. Somente assim poderemos restaurar a integridade do evangelho e promover uma fé robusta e genuína em nosso país.
Dicas de Leituras
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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.
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