É preciso aprender a desistir. Tem coisa que não é pra seguir em frente. Às vezes, é preciso parar, mudar o rumo, terminar a prosa e sair de fininho. Há momentos em que não se deve insistir, nem tentar de novo. O melhor é deixar pra lá.
Não estou dizendo pra desistir de tudo, mas só de vez em quando. Temos a mania de querer ser resilientes em tudo, de lutar até o fim em todas as batalhas. Mas a verdade é que nem todas as lutas valem a pena. Muitas vezes, nos arrebentamos e ainda sofremos. Ou pior ainda, lutamos à beça e no final descobrimos que não valia a pena pelo que lutamos tanto.
A sabedoria entende bem que há tempo pra tudo debaixo do sol, inclusive tempo de deixar e esquecer. É uma lição difícil de aprender, mas crucial. Saber quando desistir é um sinal de maturidade e discernimento. É reconhecer que a nossa energia é preciosa e deve ser investida em batalhas que realmente importam.
Imagine uma árvore solitária no deserto. Ela cresce, buscando a luz e a vida, mas o solo árido não lhe oferece sustento. Ela persiste, suas raízes se estendendo cada vez mais fundo, sem encontrar água. Até que, um dia, ela percebe que o deserto não é o seu lugar. Suas folhas murcham, seus galhos se quebram, e ela finalmente desiste. Não porque é fraca, mas porque entende que a luta ali não a levará a lugar algum. Sua semente se entrega ao vento, que a leva para um solo mais fértil, onde suas raízes podem finalmente encontrar a água e a vida que tanto buscava.
Assim somos nós. Muitas vezes, lutamos até nos arrebentarmos, insistimos até nos esgotarmos, apenas para descobrir, no fim, que a batalha não valia a luta. É nessas horas que a sabedoria sussurra: “Deixe pra lá. Não é fraqueza, é entendimento. Não é desistência, é redirecionamento.”
Desistir é um ato de amor próprio, um reconhecimento de que nossa energia é preciosa e deve ser investida em batalhas que realmente importam. É entender que a vida é feita de ciclos e que alguns deles precisam ser encerrados para que outros possam começar.
Então, da próxima vez que a vida te convidar a uma batalha, pergunte-se: vale a pena? Se a resposta for não, permita-se desistir. Abra mão do peso desnecessário, siga um novo caminho, e descubra a leveza que só a verdadeira sabedoria pode trazer.
Lembre-se, a coragem de desistir é também a coragem de recomeçar, de encontrar novos horizontes e de buscar, com mais sabedoria, aquilo que realmente vale a pena.
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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.