No Caminho: Entre a Cruz e a Espada

Quem vive a fé cristã anda pelo Caminho, um caminho que é mais do que uma simples trajetória, pois é o próprio Cristo. Este Caminho não é uma estrada de duas margens estáticas, mas um percurso dinâmico e transformador. Estar no Caminho é rejeitar a estagnação das beiras, é escolher um movimento constante que, paradoxalmente, tem como único ponto inalterável o próprio Caminho.

Nas margens, tudo é passageiro e efêmero, enquanto nós, como peregrinos, transitamos por essas margens. O cristão, que se compromete a viver no Caminho, não ocupa o centro, mas coloca Cristo no centro de sua existência. Este centro é o eixo inabalável em meio a um mundo em constante mutação.

Viver a fé cristã é, muitas vezes, encontrar-se entre a cruz e a espada. É estar em um espaço de tensão contínua entre a heresia e a ortodoxia, entre a crítica e a apologia. Esta tensão não é um erro ou uma falha, mas sim uma parte essencial da jornada. A heresia, com suas ideias divergentes e desafiadoras, nos impulsiona a refletir e a aprofundar nossa compreensão da fé. A ortodoxia, por sua vez, nos chama a permanecer firmes nas verdades essenciais e inegociáveis do evangelho.

Da mesma forma, a crítica e a apologia desempenham papéis vitais. A crítica, quando construtiva, purifica e fortalece, nos ajudando a identificar falhas e a buscar a verdade com humildade. A apologia, com sua defesa apaixonada da fé, nos incentiva a testemunhar com convicção e a responder às objeções com graça e sabedoria.

Caminhar no Caminho é reconhecer que nossa jornada é uma dança entre esses extremos. Não somos chamados a fixar residência nas margens, mas a nos mover continuamente em direção ao centro, onde Cristo habita. Ele é o nosso guia e nosso destino, o ponto de referência em meio à incerteza.

Neste Caminho, aprendemos que a verdadeira centralidade não está em nós mesmos, mas em Cristo. Ele é a âncora que nos mantém firmes, mesmo quando as margens se agitam e mudam. Viver no Caminho é um convite a abraçar a peregrinação, a aceitar que somos passageiros em um mundo passageiro, mas com um destino eterno.

Assim, seguimos adiante, entre a cruz e a espada, entre a heresia e a ortodoxia, entre a crítica e a apologia. No Caminho, encontramos não apenas um percurso, mas uma pessoa, um relacionamento transformador com o próprio Cristo, que é, sempre foi, e sempre será o centro de tudo.

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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.

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