Os princípios da fé cristã não podem ser defendidos por nenhum candidato político. Quem afirma o contrário revela um profundo desconhecimento da verdadeira natureza da fé cristã. A união entre igreja e estado tem sido um tema de intenso debate entre os estudiosos da fé ao longo dos séculos. A maioria dos bons estudiosos concorda que igreja e estado devem se manter em esferas distintas. A igreja é a igreja; o estado é o estado. Cada qual no seu quadrado.
Os membros da igreja visível são também cidadãos como quaisquer outros, e, portanto, não devem gozar de nenhum privilégio especial diante do estado. Do mesmo modo, os políticos não têm privilégio algum diante da igreja. São pessoas necessitadas de Cristo como qualquer outra, conforme ensina a Bíblia: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Ninguém está acima da necessidade de redenção e transformação que só Cristo pode oferecer.
É fundamental reconhecer que os políticos não devem exercer funções de liderança na igreja, e vice-versa. Isso se baseia no princípio de que cada instituição tem seu papel específico e distinto na sociedade. A igreja é chamada a ser uma comunidade de fé, dedicada à adoração, ao ensino das Escrituras e ao serviço ao próximo. O estado, por outro lado, tem a responsabilidade de governar com justiça, assegurar a ordem e promover o bem-estar de seus cidadãos.
Jesus deixou claro essa distinção quando disse: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Marcos 12:17). Este ensino sublinha a importância de manter as esferas do governo civil e da prática religiosa separadas. A mistura entre igreja e estado pode levar a abusos de poder e comprometer a integridade de ambos.
Além disso, a história oferece inúmeros exemplos dos perigos da união entre igreja e estado. Períodos de perseguição religiosa, corrupção e guerra civil são muitas vezes o resultado dessa união indevida. A igreja deve ser um refúgio espiritual, livre de influências políticas, onde os indivíduos possam buscar a Deus em sinceridade e verdade.
A fé cristã nos chama a ser sal da terra e luz do mundo (Mateus 5:13-14), atuando como agentes de mudança e de paz em todas as esferas da sociedade. No entanto, isso deve ser feito por meio de testemunho pessoal e serviço, não através da conquista de poder político. O reino de Deus não é deste mundo (João 18:36) e suas prioridades são diferentes das dos reinos terrenos.
Portanto, é crucial que a igreja mantenha sua independência e integridade, focando em sua missão espiritual. A separação entre igreja e estado garante que a fé possa ser praticada livremente e que a justiça possa ser administrada imparcialmente. A verdadeira transformação social acontece quando os princípios cristãos de amor, justiça e misericórdia são vividos e compartilhados de coração a coração, e não quando são impostos por meio de legislação ou poder político.
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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.