Muitos dizem que a oração é alimento, mas essa é uma metáfora falha. De fato, não há respaldo bíblico para tal afirmação. A oração, na sua essência, é relação, não nutrição.
Quando dobramos nossos joelhos e elevamos nossos pensamentos ao Altíssimo, ainda que estejamos também buscando saciar uma fome espiritual, isso não acontece por meio da oração. A oração nos aproxima do nosso Criador. A oração é um convite à intimidade divina, uma conversa profunda entre a criatura e seu Deus. Em João 14:13-14, Jesus nos instrui a pedir em Seu nome, revelando que a oração é mediada por Ele, um canal de comunicação estabelecido pelo próprio Filho de Deus.
Ao contrário do que muitos podem pensar, a oração não é um meio de obtermos benefícios materiais ou espirituais de Deus. Não é uma troca, uma barganha ou um comércio celestial. Em Mateus 6:9-13, o Pai Nosso exemplifica isso. A oração que Jesus nos ensinou começa com a adoração a Deus e a submissão à Sua vontade, demonstrando que a oração é um ato de humilhação e reconhecimento da nossa dependência total d’Ele.
No Jardim do Getsêmani, vemos a mais pura expressão de oração como relação e humilhação. Jesus, em profunda angústia, ora ao Pai: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mateus 26:39). Aqui, Cristo não busca alimento, mas submissão à vontade do Pai, mostrando que a verdadeira oração envolve entrega e confiança.
A oração nos edifica, sim, mas essa edificação não vem de uma nutrição espiritual, e sim da compreensão de quem Deus é e de quem nós somos. Quando oramos, reconhecemos a soberania divina e nossa fragilidade humana. É um ato de humildade, onde nos despimos de nossas pretensões e nos rendemos à misericórdia de Deus.
Portanto, ao orar, não busquemos apenas pedir ou receber, mas desejemos ardentemente nos conectar com o Pai, por meio de Jesus Cristo. Que nossas orações sejam um reflexo da nossa dependência, um ato de adoração e um caminho de relacionamento profundo com Deus. Em vez de ver a oração como alimento, enxerguemos-na como um diálogo amoroso, onde somos continuamente lembrados da grandeza de Deus e da nossa pequenez.
Que ao elevarmos nossas vozes ao céu, façamos isso com corações humildes e sinceros, sabendo que a oração é, antes de tudo, um caminho de relação e humilhação diante do Altíssimo. E assim, que cada palavra proferida seja uma expressão de nosso desejo de nos aproximarmos mais de Deus, reconhecendo-O como nosso Pai soberano e amoroso.
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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.