A Crítica ao Fenômeno “Pai/Mãe” de Pet

Nos últimos anos, observamos a emergência de uma nova designação social: “pai/mãe de pet”. Este fenômeno, característico da modernidade ou pós-modernidade, reflete uma mudança significativa nos relacionamentos e prioridades humanas. Cada vez mais, as pessoas evitam relacionamentos amorosos sérios com outros seres humanos, preferindo, em vez disso, declarar amor eterno a animais de estimação. Esta mudança resulta em uma elevação do status dos animais, que deixam de ser vistos como seres irracionais e passam a ser tratados como filhos.

Zygmunt Bauman, renomado sociólogo, descreveu esta era como a “modernidade líquida”, um período em que as relações, interesses e vontades se tornam fluidos e desprovidos de solidez. Este conceito se aplica perfeitamente à transformação da relação entre humanos e animais de estimação. Ao invés de investir em relacionamentos humanos duradouros e em formar famílias, muitas pessoas encontram nos animais uma substituição para a companhia e o afeto que, tradicionalmente, seriam reservados a cônjuges e filhos.

Do ponto de vista bíblico, essa tendência levanta sérias preocupações. Desde o livro de Gênesis, Deus instrui o ser humano a cuidar e respeitar os animais, reconhecendo seu valor na criação (Gênesis 1:26-28). No entanto, é crucial notar que, ao final da criação, Deus não disse “é muito bom” aos animais, mas sim ao ser humano (Gênesis 1:31). Os animais têm seu lugar e importância, mas não devem ser equiparados aos seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:27).

Jesus ensinou que devemos tratar o próximo como a nós mesmos (Mateus 22:39). Quando elevamos os animais a um status equivalente ou superior ao dos seres humanos, estamos inadvertidamente diminuindo o valor da vida humana. Além disso, a Bíblia nos chama a formar relacionamentos sólidos, a casar e ter filhos (Salmo 127:3-5; Efésios 5:22-33). A procriação e o cuidado com a família são vistos como parte do propósito divino para a humanidade.

Adotar a terminologia “pai/mãe de pet” não apenas distorce a compreensão do papel dos animais na criação, mas também enfraquece a visão bíblica de família e relacionamento humano. Embora cuidar de um animal de estimação possa ser uma responsabilidade significativa, compará-la à criação de uma criança é um erro. A criação de filhos envolve uma complexidade e profundidade de compromisso emocional, educacional e espiritual que não pode ser equiparada ao cuidado de um animal.

Cristãos devem refletir criticamente sobre este fenômeno e reconhecer os perigos de tais designações. Enquanto devemos cuidar bem dos animais e tratá-los com respeito, não devemos permitir que isso nos desvie do verdadeiro propósito e valor dos relacionamentos humanos. Adotar a terminologia “pai/mãe de pet” é um passo em direção ao distanciamento da vontade de Deus para nossas vidas, conforme revelado nas Escrituras.

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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.

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