Morrer Para Viver: O Chamado do Discípulo

Nós, cristãos, somos chamados para morrer. Esta é uma verdade que Cristo expressou claramente, quando disse aos seus discípulos: “Sereis minhas testemunhas” (Atos 1:8). A palavra grega usada para “testemunhas” é melhor traduzida por “mártires” – aquele que está disposto a dar sua vida pela causa de Jesus. Ser discípulo de Cristo implica em assumir, desde o início, que nossa vida já não nos pertence, mas está sujeita ao propósito divino.

Há uma tendência no mundo atual de se falar em “cristofobia” – o medo ou ódio ao cristianismo e seus seguidores. Mas, quando somos perseguidos, caluniados ou até mortos por amor a Cristo, o que está acontecendo é o cumprimento da Palavra de Deus em nós. Jesus afirmou: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus” (Mateus 5:11-12). A perseguição não é uma anomalia para o cristão; é uma confirmação de que estamos vivendo em acordo com o chamado divino.

Nós, os que somos chamados pelo nome do Senhor, não pertencemos a este sistema que se opõe a Deus. Assim como Paulo afirmou em Filipenses 1:21: “Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro.” A vida, neste mundo, deve ser vivida com propósito, e esse propósito é Cristo. No entanto, o morrer, ainda que visto como perda por tantos, é um ganho para o discípulo, pois é a transição para uma vida plena com o Pai.

Assim como ovelhas que se entregam em silêncio ao matadouro (Romanos 8:36), nós seguimos o Caminho, sem hesitação. Colocamos nossas mãos no arado e não olhamos para trás (Lucas 9:62), porque nossa fé não é baseada em estabilidade terrena, mas em uma esperança eterna. Não lamentamos a perda, pois sabemos que o sangue dos mártires é uma semente fértil que, ao ser lançada sobre a terra, deve morrer para dar muitos frutos (João 12:24).

Assim, não há lamento para aqueles que perecem por amor a Cristo. Ao contrário, há celebração, pois “o morrer é lucro”. Há uma promessa de frutos para a eternidade. E Cristo nos exorta a receber tudo isso com alegria – “alegrai-vos e exultai”. Podemos, então, viver e morrer para a glória de Deus, sabendo que Ele é o motivo, a razão e a recompensa de nossa jornada.

A cruz é um caminho sem volta. E, paradoxalmente, é nesse morrer diário que encontramos o verdadeiro viver. Porque, ao morrer para nós mesmos, nos tornamos verdadeiramente vivos em Cristo.

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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.

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