O Peso da Glória e a Fraqueza Que Vence o Mundo

No silêncio do Gólgota, a madeira da cruz se erguia, símbolo aparente de derrota e humilhação. Para os olhos humanos, era apenas mais uma crucificação, uma entre tantas que o Império Romano executava com precisão e brutalidade. Mas havia algo naquele madeiro que transcendia o tempo, algo que o peso da madeira não poderia carregar sozinho.

Cristo não levava apenas o fardo físico da cruz. Ele carregava o peso invisível de todas as transgressões, todas as culpas, toda a condenação que cabia a nós, os que haviam se distanciado da vida em Deus. Em cada passo dolorido em direção ao Calvário, Jesus não caminhava sozinho; caminhava com o fardo do pecado de toda a humanidade, desde a criação até o fim dos tempos.

Os pregos que perfuraram seus punhos e pés não se limitaram a atravessar sua carne. Eles cravaram em madeira sagrada o escrito de dívida que tínhamos com a morte. Ali, naquela cruz, nossa sentença de condenação foi destruída. O sangue que escorreu de sua fronte, perfurada por espinhos, não apenas manchou a terra árida, mas lavou o mundo inteiro. Ele se derramava para purificar o que era impuro, para tornar limpo o que estava manchado.

E quando a lança perfurou seu lado, água e sangue fluíram. Ali, no desespero final de sua carne mortal, nascia uma fonte eterna que purificaria para sempre o coração humano. O castigo que estava sobre Ele nos trouxe a paz. Mas não era uma paz comum; era uma paz que não se compra com prata ou ouro, mas com o peso incalculável do sofrimento do Filho de Deus.

A morte de Cristo, no entanto, não foi o fim, pois Cristo na cruz não estava apenas morrendo; Ele estava vencendo a morte. Sua descida à sepultura não foi um ato de derrota, mas de vitória. Naquele túmulo escuro, Ele enterrou a própria morte, despedaçando os grilhões que mantinham nossa alma cativa. E na alvorada de sua ressurreição, Cristo despojou todos os principados e potestades, todas as forças espirituais do mal que tinham poder sobre nós, e nos libertou. Libertou não apenas a carne, mas o espírito, que outrora estava prisioneiro do pecado.

A crucificação de Cristo não foi apenas mais um evento histórico. Na verdade, ela não pode ser contida nas páginas do tempo, pois a Cruz de Cristo aconteceu antes da fundação do mundo. Era o plano eterno de Deus. Quando o mundo finalmente viu aquele momento se desenrolar, o que ele contemplou não foi apenas o sofrimento de um homem. Ele contemplou o prazer de Deus em nos resgatar, em nos amar até o fim, em nos adotar como filhos.

E por isso a cruz de Cristo não é um símbolo de devoção estática, de morte ou de derrota. É o sinal da vitória mais sublime e poderosa que já existiu. A cruz é o ápice da fraqueza de Deus, e é essa fraqueza que vence o mundo. Porque, no paradoxo divino, a fraqueza de Deus é mais forte do que qualquer força que a criação possa oferecer.

A cruz é um convite à redenção, mas também é uma convocação para o triunfo. Ela nos lembra que, na fraqueza, encontramos a verdadeira força. E que, na cruz, aquilo que parecia ser o fim se tornou o começo da vitória eterna.

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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.

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