Conversas: Entre o Respeito e o Ruído

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Vivemos numa era em que tudo se diz, mas nem tudo precisa ser dito. Em nome da liberdade, muitas conversas ultrapassam os limites do saudável e mergulham em exposições desnecessárias, ofensivas ou que simplesmente não edificam. Não falo aqui de censura, mas de discernimento — aquele velho e esquecido senso de limite que nos ajuda a filtrar o que deve ser falado, com quem, onde e por quê.

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Um exemplo disso são as conversas de cunho sexual em que se expõe a intimidade própria ou alheia. Confundir isso com uma conversa sobre sexualidade é um equívoco. Falar sobre sexualidade é necessário, saudável, educativo. Falar sobre o que se faz entre quatro paredes, transformando o sagrado em espetáculo, me causa repulsa. Não vejo sentido, não vejo ganho, só vejo banalização. E não importa se a intenção é exaltar ou criticar: ainda assim é uma exposição que não constrói.

Outro ponto que me desagrada profundamente são as chamadas “guerras de gênero”. Disputas intermináveis entre homens e mulheres para provar quem sofre mais, quem faz mais, quem tem mais razão. De um lado, acusações generalizadas contra os homens. De outro, desqualificações e caricaturas das mulheres. Ambos os lados alimentam o próprio orgulho e atacam o outro como se fossem inimigos naturais. Isso só gera ruído, extremismo e afastamento. Falar sobre as dores reais de cada gênero, sim, isso é importante. Mas transformar essa conversa em uma batalha só nos afasta da solução.

Por fim, não consigo aceitar o julgamento leviano da fé alheia. A espiritualidade é algo íntimo, profundo e, em muitos casos, o que mantém uma pessoa de pé. Não sou contra o diálogo inter-religioso, pelo contrário. Discordar é saudável e necessário. Mas desrespeitar a fé de alguém apenas porque ela me parece estranha é ignorar a humanidade que há por trás daquela crença. Se a fé de alguém não fere, não impõe, não destrói — que direito temos de ridicularizá-la?

Precisamos resgatar o valor do silêncio, do respeito, da escuta. Precisamos distinguir liberdade de vulgaridade, debate de guerra, crítica de desrespeito. O mundo já tem ruído demais. Que ao menos nossas palavras tragam sentido.

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Paulo Freitas

Paulo Freitas

Paulo Freitas é teólogo, filósofo, professor e presbítero. Autista, escreve sobre fé, fragilidade, dor, neurodiversidade e tudo o que nos torna profundamente humanos.

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