• Ilustração realista de um homem idoso com barba grisalha observando, com um livro nas mãos, uma cidade medieval com casas humildes e uma catedral imponente ao fundo, ao pôr do sol.
    Crítica

    Quem Tem Medo de Karl Marx?: Crítico ou Bicho-Papão

    “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma época sem espírito. Ela é o ópio do povo.” — Karl Marx É comum, nos meios cristãos mais conservadores, ouvir que Karl Marx deve ser evitado como um bicho-papão ideológico. Há quem o trate como uma ameaça à fé cristã, um ícone ateísta cuja missão seria destruir tudo o que diz respeito a Deus. Mas será que essa percepção é justa, ou é fruto de um mal-entendido profundo? Quem tem medo de Karl Marx — e por quê? Leia também: O Mito do Racismo Reverso Antes de qualquer…

  • Um retrato a óleo mostra uma mulher amorosa, que parece indiana, abraçando seu um menimo mais novo, enquanto uma menina, refletida em um espelho oval, tem expressão triste. A composição centraliza o espelho, criando uma interação emocional entre as figuras. A mulher e o menino expressam felicidade, contrastando com a preocupação da menina. A técnica realista usa cores terrosas e tons quentes, pinceladas delicadas e iluminação suave, transmitindo um ambiente íntimo, aconchegante e cheio de ternura familiar.
    Crônicas

    Amy Carmichael: A Menina que Queria ter Olhos Azuis

    A menina que queria ter olhos azuis morava num corpo franzino, com dores inexplicáveis e alma de gigante. Amy Carmichael nascera em meio a olhos oceânicos — os da mãe, os dos irmãos, os dos anjos dos vitrais da igreja. Ela, no entanto, carregava dois olhos castanhos, como terra molhada depois da chuva. E como chovia nela… Leia também: Oração: O Contraditório Dom da Humildade Desde pequena, enfrentava dores na cabeça, no rosto, no corpo — dores que os médicos não sabiam nomear direito, mas ela sentia como agulhas que vinham sem avisar. Se algum adulto olhasse aquela menina deitada por tanto tempo, talvez dissesse: “Essa aí só vai dar…

  • A imagem mostra um grupo de pessoas vestidas com trajes da antiguidade, reunidas em uma praça de aparência medieval ou bíblica, em uma animada roda de cochichos. Todos estão com expressões de surpresa e entusiasmo, com as mãos próximas à boca, como quem compartilha um segredo. Ao redor deles, vários balões de fala coloridos flutuam, cada um contendo cenas ilustradas da vida de Jesus e da igreja primitiva: Jesus curando, a Última Ceia, discípulos pregando, milagres, batismos, partilha de pão, e reuniões da comunidade cristã. As ilustrações lembram ícones ou arte sacra medieval estilizada. A cena retrata com leveza e criatividade a ideia da “fofoca santa” — a propagação do Evangelho como uma boa notícia que vale a pena ser espalhada de boca em boca.
    Crônicas,  Sem categoria

    Fofoqueiros do Reino: A Santa Arte de Espalhar o Verbo

    Dizem que o mundo gira, mas a fofoca voa. E não adianta fazer cara de santidade: todo mundo, em algum momento da vida, deu aquela esticadinha no ouvido pra saber da vida alheia. Uns chamam de curiosidade, outros de “preocupação pastoral”, mas a verdade é que o ser humano tem um radar afiado pra novidade — principalmente quando não é sobre si mesmo. Agora, imagine só se esse dom auditivo e linguístico fosse redirecionado. Já pensou em usar a fofoca como ministério? Calma, não estou propondo heresia, mas sim teologia. Sim, senhor. A Teologia da Fofoca. É ousado, eu sei. Mas também é bíblico — dependendo do que se anda…

  • A imagem mostra uma Bíblia aberta sobre um mapa antigo, evocando a era do colonialismo. Ao redor da Bíblia, repousa uma corrente de ferro enferrujada, simbolizando a escravidão. A luz dourada que ilumina a cena vem da lateral superior direita, criando um contraste simbólico entre a opressão representada pela corrente e a liberdade e fé simbolizadas pela Bíblia. A composição sugere uma tensão entre o uso da religião para justificar a escravidão e seu poder libertador quando lida à luz do Evangelho. É uma imagem altamente simbólica e representativa de debates históricos, teológicos e éticos sobre o papel do cristianismo na escravidão.
    Ensaios,  Sociedade

    Entre a Cruz e os Grilhões: A Escravidão e a Ambivalência Histórica do Cristianismo

    Introdução A escravidão foi uma das instituições mais cruéis e persistentes da história humana. Entre os séculos XV e XIX, milhões de africanos foram arrancados de suas terras e submetidos a uma existência de servidão, violência e desumanização. O que causa perplexidade é o fato de que, durante grande parte desse período, o Cristianismo — a religião do Deus encarnado como servo — foi usado tanto para justificar quanto para combater a escravidão. Este ensaio propõe uma análise teológico-histórica dessa ambivalência, comparando as justificativas oferecidas por católicos e protestantes, tanto a favor quanto contra a escravidão. A partir disso, refletimos sobre a relação entre fé e poder, Bíblia e ética,…

  • A imagem mostra um jovem sentado em silêncio, em um ambiente escuro com outras pessoas ao fundo, que parecem estar conversando ou se movimentando. Sobre seu corpo, há uma ilustração brilhante de um coração conectado a um cérebro por um fio de luz dourado, simbolizando a conexão profunda entre emoção e pensamento. A expressão do jovem é serena e introspectiva, destacando-se do entorno. A imagem transmite a ideia de identidade, interioridade e a importância da escuta em meio ao ruído do mundo.
    Autismo,  Neurodiversidade

    Autismo: A Dor que se Explica e a Escuta que Liberta

    Às vezes, tudo o que eu queria era me esquecer por alguns minutos que sou autista. Não porque ser autista seja algo que me envergonha, mas porque o cansaço de me explicar consome mais energia do que a própria condição. Há quem diga que eu falo demais sobre isso, como se a frequência da minha fala fosse um exagero, como se insistir em existir com palavras fosse uma espécie de vaidade. Mas, se não falo, me torno um enigma indecifrável aos olhos dos outros — e às vezes até aos meus. Leia também: Dia do Orgulho Autista: O Que Realmente Celebramos É curioso como a sociedade tolera melhor o sofrimento…

  • A imagem mostra uma bandeira branca tremulando ao vento, estampada com o símbolo do infinito colorido, representando o orgulho autista. O infinito exibe tons vibrantes em arco-íris com textura semelhante a aquarela, sugerindo diversidade neurológica. Ao fundo, vê-se um céu azul com nuvens suaves, transmitindo leveza e esperança. Na parte inferior da imagem, há silhuetas de pessoas diversas, em pé, lado a lado, simbolizando resistência, apoio e união na luta por visibilidade e inclusão das pessoas autistas.
    Autismo,  Neurodiversidade

    Dia do Orgulho Autista: O Que Realmente Celebramos

    Hoje, 18 de junho, é celebrado o Dia do Orgulho Autista. Para quem vê de fora, talvez pareça contraditório: como alguém pode sentir orgulho de um transtorno? De fato, em sã consciência, ninguém se orgulha de viver com dificuldades sensoriais, sociais ou cognitivas. O orgulho que se celebra hoje, portanto, não é o da condição em si, mas da resistência. É a afirmação da vida, da dignidade, da permanência diante de um mundo estruturalmente capacitista. Leia também: Liberdade Autista: Busca pela Autenticidade Esse dia nasceu da necessidade de contar outras histórias — histórias que por muito tempo foram silenciadas, distorcidas ou ignoradas. A celebração é uma espécie de grito coletivo…