• A imagem mostra um comediante se apresentando em um palco de stand-up comedy. Ele segura um microfone com uma das mãos enquanto a outra está algemada, com uma algema solta pendendo do pulso — um símbolo visual forte, sugerindo a ideia de censura, prisão ou limites à liberdade de expressão. O comediante veste roupas casuais: camiseta preta, jeans e tênis. Ele aparenta estar envolvido emocionalmente com a performance, talvez fazendo uma piada intensa ou provocadora. A plateia à sua frente está lotada e demonstra reações diversas: algumas pessoas estão rindo entusiasticamente, outras parecem surpresas ou desconfortáveis. Essa diversidade de expressões reforça a ambiguidade do humor apresentado e a polarização que ele pode causar. A iluminação foca no comediante, deixando o fundo mais escuro, o que destaca ainda mais a figura central e cria uma atmosfera de tensão dramática misturada ao entretenimento. A cena representa visualmente o debate sobre os limites do humor, os riscos da transgressão em apresentações cômicas e o impacto do discurso cômico no público.
    Sociedade

    Humor Sem Freios: O Stand-up e a Parede da Lei

    O recente caso do humorista “Léo Lins”, condenado a mais de oito anos de prisão por declarações feitas em seus shows de stand-up comedy, reabriu um debate delicado, mas urgente: existem limites para o humor? Estaria a arte do riso acima da lei ou submetida a ela como qualquer outro discurso público? Defensores de uma liberdade de expressão absoluta sustentam que o humor deveria ser livre para provocar, chocar e satirizar. No entanto, quando se ultrapassa o campo da provocação e se entra na seara da humilhação, do preconceito e da incitação ao ódio, o que realmente importa é a legislação — e seus limites são claros. Leia também: Blackface:…

  • A imagem mostra uma balança dourada de dois pratos. De um lado, há uma miniatura de um prédio clássico de universidade, com colunas na entrada, jardins e arquitetura acadêmica. No outro prato, há uma miniatura de uma igreja com torre e cruz, representando a religião. A balança está equilibrada, sugerindo uma comparação simbólica entre os conceitos de universidade e religião no contexto de doutrinação, pluralidade e fé. O fundo é neutro, destacando os elementos principais sem distrações.
    Artigo,  Sociedade

    A Falácia da Doutrinação das Universidades

    Vivemos em um tempo marcado por discursos prontos, geralmente moldados por bolhas ideológicas, onde palavras como “doutrinação” são lançadas como dardos para demonizar instituições e desacreditar o saber crítico. Um dos alvos preferidos dessa retórica tem sido a universidade pública, acusada de ser um centro de “doutrinação esquerdista”. Porém, antes de aceitar tais acusações, é fundamental entender: o que é, de fato, doutrinar? E quem mais doutrina: a universidade ou a religião? O termo universidade carrega em si a noção de pluralidade. O próprio nome revela sua vocação: um universo de pensamentos. Ali se estuda arte, filosofia, ciência, religião, tecnologia, culturas e suas contradições. É o espaço da divergência, da…

  • A imagem retrata uma cabeça humana composta inteiramente por ícones de redes sociais, aplicativos, símbolos da cultura digital e objetos diversos. Fragmentos e peças estão se desprendendo da cabeça, como se ela estivesse em processo de desintegração ou colapso. Ao redor, pedaços de espelhos quebrados flutuam, refletindo a fragmentação da identidade. O fundo escuro acentua o contraste, transmitindo uma sensação de vazio, solidão e crise existencial. A imagem simboliza o excesso de informações, a hiperidentificação e a perda do eu autêntico na sociedade contemporânea.
    Filosofia

    A Era do Eu Inchado: Identidade Inflada e a Vacuidade do Ser

    Vivemos uma era marcada por um fenômeno alarmante: a substituição da identidade por uma performance. Em nome da liberdade, cultivamos múltiplos “eus”, montados como colagens frágeis e provisórias, sustentadas por gostos, pertenças tribais e afiliações emocionais. A identidade tornou-se uma fantasia inflada — e o ser humano, uma caricatura de si mesmo. Leia também: Misticismo Quântico: A Distorção da Física Chamo isso de a era do eu inchado — não apenas porque as pessoas estão cansadas, como diagnosticou Byung-Chul Han, ou líquidas, como disse Bauman, mas porque estão transbordando de versões de si mesmas que não são reais. Somos inchados de informações, de imagens, de estímulos, de micropertencimentos, mas vazios…

  • A imagem mostra uma mãe e uma filha se abraçando de forma carinhosa e acolhedora. No fundo, há uma parede com uma cruz de madeira e a palavra "Amor" iluminada em luz amarela, criando um clima aconchegante, sereno e cheio de significado. Também há uma pequena mesa com um vaso de flores, reforçando a ideia de cuidado, afeto e espiritualidade. A cena transmite uma forte mensagem de aceitação, empatia e amor incondicional.
    Crítica,  Sociedade

    Deus Odeia? A Contradição dos que Falam por Deus

    Assisti a um vídeo profundamente desconcertante. Nele, uma jovem pergunta à mãe o que ela pensa sobre relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. A resposta vem cortante: “Eu respeito, mas Deus odeia.” A conversa progride até a revelação da filha: ela é lésbica. A mãe, em aparente dilema, repete: “Filha, eu te amo, mas Deus odeia isso.” Essa frase — aparentemente equilibrada — revela uma fratura teológica e humana. Há uma tentativa de manter o afeto, mas sem abrir mão do julgamento. Como se o amor fosse possível sem aceitação. Como se o afeto pudesse coexistir com o ódio divino terceirizado. Comecemos do princípio: Deus é amor (1Jo 4.8). Não…

  • A imagem retrata uma praça vazia em clima de outono, com folhas secas espalhadas pelo chão. Os bancos de madeira estão abandonados, sobre alguns deles há objetos esquecidos, como um cachecol colorido, bolas de tricô e novelos, além de jornais abertos e dobrados pelo chão. A luz suave do fim da tarde projeta sombras longas das árvores e dos bancos, criando uma atmosfera melancólica e silenciosa. A ausência de pessoas sugere um abandono simbólico, como se aqueles que frequentavam o lugar tivessem, subitamente, desaparecido. A cena transmite solidão, ausência e reflexão sobre o tempo e o esquecimento.
    Sociedade

    A Greve dos Idosos: Uma Sátira Fatídica e Inevitável

    Durante décadas, as greves dominaram o cenário social como um método legítimo e barulhento de resistência. Operários pararam fábricas, professores largaram o giz, caminhoneiros trancaram as estradas, artistas cruzaram os braços em silêncio performático. Até mesmo as crianças aprenderam a arte da resistência precoce ao se negarem a ir à escola, protestando contra merendas ruins e provas de matemática. Mães cansadas fizeram greve de afazeres domésticos; pais exauridos decretaram luto à paternidade ativa por um fim de semana. Tudo isso com cartazes, hashtags, panelas batendo e o sempre útil “não sairemos daqui até que…”. Mas havia uma classe invisível, esquecida no meio da balbúrdia de demandas: os idosos. — Greve…