Esquisito, Eu?

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Dizem por aí que eu “não tenho cara de autista”. Isso sempre me faz rir. Como é mesmo a cara de uma condição neurológica? Será que é como um par de óculos que você coloca e, de repente, todo mundo enxerga o que está na sua mente?

Mas se tem algo que ouvi mais do que “você não tem cara de autista” ao longo da vida, é o clássico “você é esquisito”. E eu aposto que se você parar pra pensar, já te chamaram disso também, pelo menos uma vez. Ou, se tiver a sorte de ser como eu, talvez algumas centenas de vezes.

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Lembro da época em que ser “esquisito” era um título quase oficial, uma espécie de uniforme invisível que eu vestia todos os dias. Da escola ao trabalho, passando pela fila do pão, lá estava eu, o Esquisito Oficial. Se tivesse um crachá, ele diria: Estranho de Carteirinha. E eu carregava isso com certo incômodo no início, como quem recebe uma roupa de presente e não sabe se gosta.

Mas o tempo foi passando e, um dia, me toquei: e daí que sou esquisito? Na verdade, passei a gostar do título. Porque se o contrário de “esquisito” é ser igualzinho a todo mundo – preconceituoso, maldoso, sem graça –, prefiro continuar no meu canto, abençoado com minha peculiar esquisitice.

Aos poucos, percebi que ser estranho é uma arte, uma espécie de rebeldia disfarçada de timidez. Enquanto o mundo lá fora faz questão de se encaixar em padrões, eu me dou o luxo de ser… eu. E quer saber? Abençoadamente esquisito.

Hoje, quando alguém tenta me enquadrar, já sei o que responder. “Esquisito? Sou mesmo. E sabe o que mais? Nunca estive tão feliz em ser assim.”

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Paulo Freitas

Paulo Freitas

Paulo Freitas é teólogo, filósofo, professor e presbítero. Autista, escreve sobre fé, fragilidade, dor, neurodiversidade e tudo o que nos torna profundamente humanos.

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