Carta Aberta: Um Pedido de Perdão

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Carta aos meus irmãos e irmãs em Cristo,

Escrevo esta carta com o coração aberto e humilde, consciente de que, em minha jornada como servo de Cristo, falhei em muitas ocasiões. Especialmente nas redes sociais, onde minhas palavras e ações, embora muitas vezes motivadas por um desejo de defender a sã doutrina e a verdade do evangelho, acabaram por ferir, dividir e causar dor a pessoas que amo e respeito. Por isso, venho hoje pedir perdão.

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Não me arrependo de ter defendido a fé que uma vez foi entregue aos santos (Judas 1:3). Creio que Deus me chamou, em certos momentos, para ser uma voz que clama no deserto, alertando contra erros teológicos e heresias que insistem em infiltrar-se na igreja. No entanto, reconheço que, em minha zelo, muitas vezes extrapolei os limites da graça e da sabedoria. Aprendi, da maneira mais difícil, que não sou chamado para pegar em chicotes, como Jesus fez no templo (João 2:15). Aquela era uma ação única, realizada pelo Filho de Deus em um contexto específico. Eu, porém, sou apenas um servo, e meu papel é pregar a verdade com amor (Efésios 4:15), não com ira ou arrogância.

Peço perdão por não saber me calar quando deveria, por me exaltar em discussões que mais geraram divisões do que edificação, e por achar que minha voz era a única que importava. Reconheço que, em minha paixão pela verdade, faltei com a misericórdia que Deus tanto espera de mim. Como está escrito: “Porque misericórdia quero, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos” (Oséias 6:6).

Também lamento profundamente ter me envolvido em querelas políticas que, embora importantes, foram conduzidas de maneira inadequada. A polarização em nosso país trouxe à tona o pior de muitos de nós, e eu não fui exceção. Deixei-me levar por provocações e, em vez de ser um instrumento de paz, acabei pecando no falar — ou, no caso, no digitar. Pois sim, digitar também é falar, e as palavras que escrevemos têm o poder de ferir ou curar, de construir ou destruir (Provérbios 18:21).

Hoje entendo que a igreja é do Senhor, e não minha. Entendo que Deus ama tanto o cristão de direita quanto o de esquerda, e que minha discordância com uma vertente política não me dá o direito de invalidar a fé de um irmão. Como Paulo nos lembra: “Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor ele está em pé ou cai” (Romanos 14:4). Não cabe a mim condenar ou julgar a Cristo na vida de alguém. Meu papel é ensinar, exortar e, acima de tudo, amar.

Aos que magoei, peço perdão. Não espero que gostem de mim — afinal, o amor cristão não se baseia em afinidades pessoais, mas no sacrifício de Cristo que nos une. Espero, porém, que possamos recomeçar, buscando juntos a unidade do Espírito no vínculo da paz (Efésios 4:3). Que o amor de Cristo seja o árbitro entre nós, e que o Espírito Santo nos dê clareza e conforte nossos corações.

Que possamos, como corpo de Cristo, aprender a lidar com nossas diferenças de maneira madura e piedosa, sempre lembrando que “aquele que ama a Deus, ame também a seu irmão” (1 João 4:21).

Em Cristo,

Paulo Freitas, servo de Cristo aos servos do Senhor, meus irmãos e irmãs.

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Paulo Freitas

Paulo Freitas

Paulo Freitas é teólogo, filósofo, professor e presbítero. Autista, escreve sobre fé, fragilidade, dor, neurodiversidade e tudo o que nos torna profundamente humanos.

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