Autismo

  • A imagem retrata uma cena solitária em estilo impressionista, com tons pastéis e terrosos suaves. No centro da composição, há uma pessoa sentada sozinha em um banco de madeira, cercada por uma paisagem outonal. As folhas caídas no chão e as árvores de galhos finos ao fundo sugerem um clima de introspecção e melancolia. A luz suave e difusa transmite uma sensação de silêncio e contemplação, enquanto os traços pincelados expressam emoção e profundidade. A imagem evoca o sentimento de isolamento e solidão abordado no artigo, mas também carrega um toque poético e sensível.
    Autismo,  Neurodiversidade

    Solidão: A Realidade Silenciosa das Pessoas Autistas

    A maioria das pessoas sequer imagina — e, em muitos casos, nem quer saber —, mas a solidão que atinge pessoas autistas é uma das formas mais cruéis e silenciosas de sofrimento que existem. Em uma sociedade moldada por ritmos sociais, expectativas de comportamento e códigos implícitos de interação, a pessoa autista muitas vezes se vê à margem, não por escolha, mas por exclusão. O senso comum costuma repetir que “o autista gosta de ficar sozinho”, como se fosse uma opção deliberada, como quem escolhe uma tarde de descanso. Essa crença ignora o fato de que, para muitos autistas, estar sozinho é menos uma escolha e mais uma consequência. A…

  • A imagem apresenta um pássaro de aparência majestosa e etérea, voando em direção a várias mãos estendidas. A cena tem um tom artístico e surreal, com um fundo nebuloso e celestial, dando uma sensação de mistério e transcendência. As asas do pássaro parecem se dissolver em pequenos fragmentos, que podem ser interpretados como pedaços de papel, penas ou borboletas, reforçando uma simbologia de transformação, liberdade e efemeridade. As mãos ao redor parecem estar oferecendo acolhimento ou buscando contato com a ave, sugerindo um tema de conexão, esperança ou libertação. A paleta de cores escuras e douradas adiciona um ar dramático e contemplativo à composição.
    Autismo,  Neurodiversidade

    O Pássaro Não Precisa Explicar seu Voo

    Há um pássaro pousado no meu peito. Ele não canta como os outros, não voa no mesmo ritmo, não escolhe os mesmos galhos. Às vezes, ele se esconde quando o mundo fala alto demais. Outras, ele se perde em cantos que só ele enxerga. Mas ele não está errado. Ele só é pássaro de um jeito diferente. Hoje é 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo, e eu queria dizer algo bonito, algo que fizesse você entender. Mas a verdade é que talvez você nunca vá entender de verdade — assim como eu nunca vou entender completamente como é ser você, neurotípico, navegando o mundo com uma bússola…

  • A imagem mostra um jovem de cabelos bagunçados e expressão alegre, sorrindo amplamente enquanto escova os dentes no banheiro. Seu rosto está coberto de espuma de creme dental ao redor da boca, criando um efeito engraçado. Ele segura uma escova de dentes azul e parece estar se divertindo com o momento. O fundo tem azulejos verdes e um toalheiro com uma toalha branca pendurada, reforçando o ambiente de um banheiro.
    Autismo,  Neurodiversidade

    Autismo e Estereótipos sobre a Inteligência

    O autismo é um tema que, apesar de ganhar cada vez mais visibilidade, ainda é cercado por estereótipos e mal-entendidos. Uma das maiores confusões é a associação direta entre autismo e inteligência. A realidade, porém, é que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não está intrinsecamente ligado a um nível específico de inteligência. Pessoas autistas podem ter uma inteligência acima da média, podem estar na média da população ou podem apresentar deficiência intelectual (DI). Essa diversidade é crucial para entendermos que o autismo não é uma condição única, mas um espectro amplo e multifacetado. Leia também: Autismo: Deficiência e Neurodiversidade Autismo e Inteligência: uma relação complexa É comum ouvirmos histórias…

  • A imagem retrata a jornada de autodescoberta e resiliência de um jovem, dividida em três momentos distintos. À esquerda, ele vende picolés em um carrinho, usando óculos e uma camisa vermelha, demonstrando um início de trajetória simples e desafiador. No centro, há uma cena de transição onde ele aparece caminhando com uma mochila e ferramentas, envolto por uma luz dourada, simbolizando orientação e superação. À direita, ele está em um ambiente acadêmico, trabalhando com computadores e, posteriormente, ensinando em uma sala de aula. O cenário transmite esforço, crescimento e esperança, representando sua luta antes de um diagnóstico de autismo.
    Autismo,  Neurodiversidade

    Minha Jornada Trabalhista, antes de Saber do Autismo

    Algumas pessoas já me perguntaram como foi, para mim, trabalhar por tantos anos sem saber que era autista. A resposta, embora complexa, pode ser resumida em uma palavra: difícil e, fui me virando como dava. Mas, ao mesmo tempo, foi uma jornada repleta de aprendizados, desafios superados e descobertas que moldaram quem sou hoje. Leia também: Por que você não leu? Minha trajetória profissional começou cedo, ainda na pré-adolescência, quando eu e meu irmão saíamos para vender picolés. Enquanto meu irmão tinha um talento natural para atrair clientes e vendia todos os seus picolés — às vezes até voltava para pegar mais —, eu, por outro lado, muitas vezes, mal…

  • Autismo,  Crônicas,  Neurodiversidade

    Entre Silêncios, Aprendi a Me Expressar

    Por dezesseis anos, minha voz foi um sussurro dentro de mim. O mundo ao redor pulsava em sons e gestos que eu não sabia traduzir, enquanto dentro de mim as palavras se acumulavam como um rio represado em diferentes “silêncios”. Eu observava, entendia, sentia, mas quase não me comunicava. E não porque não quisesse, mas porque algo dentro de mim bloqueava a ponte entre pensamento e expressão. Era como se eu fosse um estrangeiro em minha própria terra, um viajante sem idioma num mundo onde todos pareciam saber o que dizer e como dizer. Eu falava um pouco em casa, com minha família. Leia também: Autismo e Comunicação: Minha Jornada…

  • Autismo,  Neurodiversidade

    O Pâncreas Invisível do Cérebro

    Era uma tarde quente, e Júlia, mãe de um garoto autista, estava sentada no consultório da terapeuta, exausta das cobranças diárias que recebia. “Você precisa fazer ele sair mais”, diziam os parentes. “Ele precisa aprender a se enturmar”, sugeriam os professores. Para Júlia, tudo soava como um eco sem sentido. A terapeuta, percebendo o cansaço da mãe, propôs uma analogia: “Imagine se as pessoas olhassem para alguém com diabetes e dissessem: ‘Por que você não faz seu pâncreas trabalhar direito? É só querer!’ Absurdo, não é?” Júlia sorriu, mas a reflexão lhe atravessou como uma flecha. Sim, era absurdo exigir algo que o corpo não pode oferecer naturalmente. Mas por…