Autismo

  • Autismo,  Neurodiversidade

    Liberdade Autista: Busca pela Autenticidade

    Se eu pudesse acordar, só por um dia, e ver o mundo como uma pessoa não autista, talvez eu finalmente entendesse como é sentir, pensar e agir num sistema que parece tão estranho para mim. Existe uma sensação de isolamento que acompanha o autista em um mundo feito para os neurotípicos, como se estivéssemos rodando um “sistema operacional” que não se adapta às regras do ambiente. Eu sei que as pessoas são diferentes entre si, mas pesquisas mostram que, de fato, existe uma linha que nos separa — nós, autistas, vivemos em um mundo onde a realidade é interpretada de forma diversa, e nosso “software cerebral” carrega desafios que nos…

  • Autismo,  Neurodiversidade

    Filosofia e Autismo: A Luz da Caverna

    Autistar é também filosofar. E não apenas por sermos observadores do que se encontra além da superfície, mas por transformarmos o que enxergamos em uma trama interna que reflete a vastidão do real. Somos, nós autistas, muitas vezes comparados a viajantes presos em si mesmos. Mas essa definição, construída no vazio das suposições alheias, mal toca a superfície do que é, de fato, o autismo. Acredito que o autista não está preso, nem tampouco isolado em uma caverna de sombras, como no antigo mito de Platão. Pelo contrário, estamos na luz – não uma luz qualquer, mas uma luz singular, filtrada por nossas formas de ver e de sentir o…

  • Autismo,  Neurodiversidade

    E Se Jesus Fosse Autista?

    E se Jesus fosse autista? Para alguns, essa pergunta soa como uma provocação, para outros, um mero exercício de imaginação. No entanto, o impacto dessa simples questão vai muito além de especulações sobre diagnósticos possíveis; ela nos leva ao âmago da nossa visão de quem Cristo é e, talvez mais profundamente, do que entendemos sobre a humanidade. A série The Chosen, da Angel Studios, trouxe uma representação de Mateus como um discípulo autista. Mateus, o cobrador de impostos, cuja função o isolava da sociedade, cujas interações são descritas nos evangelhos como breves e muitas vezes incômodas. A escolha narrativa de retratá-lo como autista despertou reações apaixonadas — favoráveis e contrárias.…

  • Autismo,  Neurodiversidade

    A Dor em Pessoas Autistas

    A dor, para os seres humanos, é um fator intrínseco e inevitável. Ela é capaz de nos alertar sobre problemas, nos proteger de danos maiores e nos lembrar de nossa fragilidade. No entanto, quando se trata de pessoas autistas, a experiência da dor não é apenas física, mas se desdobra em camadas adicionais que poucos compreendem. A dor no autismo envolve distúrbios sensoriais, dificuldades proprioceptivas e desafios comunicacionais, que, quando não compreendidos, aumentam exponencialmente o sofrimento da pessoa autista. Este artigo visa analisar de maneira crítica e científica as particularidades da dor em indivíduos autistas, as consequências dessa vivência e como podemos auxiliar de forma eficaz. Leia também: O Jogo…

  • Autismo,  Neurodiversidade

    Esquisito Para Quem? Normatividade e Autismo

    Vivemos em uma sociedade que impõe, de maneira sutil ou explícita, normas sobre como devemos nos comportar, pensar e até sentir. Esta “normatividade social” cria um padrão usado para julgar comportamentos como aceitáveis ou “estranhos”. Para alguém como eu, autista, ser chamado de “esquisito” é uma experiência recorrente. Contudo, a pergunta que me faço é: esquisito em relação a quem ou a quê? Leia também: A Desvantagem Social do Autista de Nível 1 A normatividade social é construída a partir de um consenso majoritário sobre o que é “normal”. Assim, características comportamentais de grupos sociais são generalizadas e cristalizadas como padrões. Alemães e suecos são frequentemente descritos como frios e…

  • Autismo,  Neurodiversidade

    O Amor que Reconhece as Diferenças

    Ao entrar na clínica onde meu filho, autista, realiza suas sessões de terapia, deparei-me com uma frase que, à primeira vista, parece acolhedora e cheia de boas intenções: “Enquanto existir amor, não haverá diferenças.” No entanto, ao refletir mais profundamente sobre essas palavras, percebo o quanto elas são problemáticas, principalmente quando aplicadas ao contexto da neurodiversidade. A neurodiversidade, como o próprio nome sugere, é o reconhecimento das diferenças neurológicas entre os indivíduos. Ela nos ensina que o cérebro humano pode funcionar de diversas maneiras, e essas variações são naturais e devem ser respeitadas. A frase na clínica, porém, parece sugerir que o amor tem o poder de apagar ou ignorar…