Crônicas

  • A imagem mostra um alienígena de pele verde, cabeça grande e olhos negros característicos, segurando um espelho ornamentado no espaço sideral. No reflexo do espelho, em vez da figura do próprio alien, aparece o rosto de um jovem humano, com expressão pensativa e olhar introspectivo. Ao fundo, o cenário cósmico é preenchido por nebulosas em tons de roxo e rosa, criando uma atmosfera surreal. A composição visual sugere uma reflexão existencial: o "outro" alienígena é, no fundo, uma versão de nós mesmos.
    Crítica,  Crônicas,  Filosofia,  Nerd

    Alienígenas Antrópicos e Outras Ficções de Espelho

    Hollywood tem uma fixação adorável e meio infantil com alienígenas. Sempre que um novo filme de invasão chega às telonas, já sabemos o que esperar: seres verdes, cabeçudos, com olhos grandes e pretos (provavelmente míopes de tanto olhar para a Via Láctea) ou criaturas gosmentas e hostis que falam uma língua gutural e esquisita — algo entre Klingon e mau humor matinal. Leia também: Humor Sem Freios: O Stand-up e a Parede da Lei Mas o que realmente me intriga não são as naves em forma de disco, nem os raios desintegradores ou os planos mirabolantes para dominar Nova York (sempre Nova York, como se os ETs tivessem uma obsessão…

  • Um retrato a óleo mostra uma mulher amorosa, que parece indiana, abraçando seu um menimo mais novo, enquanto uma menina, refletida em um espelho oval, tem expressão triste. A composição centraliza o espelho, criando uma interação emocional entre as figuras. A mulher e o menino expressam felicidade, contrastando com a preocupação da menina. A técnica realista usa cores terrosas e tons quentes, pinceladas delicadas e iluminação suave, transmitindo um ambiente íntimo, aconchegante e cheio de ternura familiar.
    Crônicas

    Amy Carmichael: A Menina que Queria ter Olhos Azuis

    A menina que queria ter olhos azuis morava num corpo franzino, com dores inexplicáveis e alma de gigante. Amy Carmichael nascera em meio a olhos oceânicos — os da mãe, os dos irmãos, os dos anjos dos vitrais da igreja. Ela, no entanto, carregava dois olhos castanhos, como terra molhada depois da chuva. E como chovia nela… Leia também: Oração: O Contraditório Dom da Humildade Desde pequena, enfrentava dores na cabeça, no rosto, no corpo — dores que os médicos não sabiam nomear direito, mas ela sentia como agulhas que vinham sem avisar. Se algum adulto olhasse aquela menina deitada por tanto tempo, talvez dissesse: “Essa aí só vai dar…

  • A imagem mostra um grupo de pessoas vestidas com trajes da antiguidade, reunidas em uma praça de aparência medieval ou bíblica, em uma animada roda de cochichos. Todos estão com expressões de surpresa e entusiasmo, com as mãos próximas à boca, como quem compartilha um segredo. Ao redor deles, vários balões de fala coloridos flutuam, cada um contendo cenas ilustradas da vida de Jesus e da igreja primitiva: Jesus curando, a Última Ceia, discípulos pregando, milagres, batismos, partilha de pão, e reuniões da comunidade cristã. As ilustrações lembram ícones ou arte sacra medieval estilizada. A cena retrata com leveza e criatividade a ideia da “fofoca santa” — a propagação do Evangelho como uma boa notícia que vale a pena ser espalhada de boca em boca.
    Crônicas,  Sem categoria

    Fofoqueiros do Reino: A Santa Arte de Espalhar o Verbo

    Dizem que o mundo gira, mas a fofoca voa. E não adianta fazer cara de santidade: todo mundo, em algum momento da vida, deu aquela esticadinha no ouvido pra saber da vida alheia. Uns chamam de curiosidade, outros de “preocupação pastoral”, mas a verdade é que o ser humano tem um radar afiado pra novidade — principalmente quando não é sobre si mesmo. Agora, imagine só se esse dom auditivo e linguístico fosse redirecionado. Já pensou em usar a fofoca como ministério? Calma, não estou propondo heresia, mas sim teologia. Sim, senhor. A Teologia da Fofoca. É ousado, eu sei. Mas também é bíblico — dependendo do que se anda…

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    As Cicatrizes de Deus e Sua Beleza Eterna

    Há marcas, cicatrizes, que o tempo não apaga. Há dores que não se dissolvem no esquecimento da eternidade. E, estranhamente, há feridas que se tornam glória. No centro da história, entre a cruz e o túmulo aberto, permanece um Deus que não esconde suas cicatrizes. As mãos atravessadas por cravos, o lado rasgado por uma lança, e quem sabe… talvez ainda as marcas dos açoites desenhando sulcos na pele ressuscitada do Filho. Leia também: Encontrando o Deus com Deficiência (tradução) O Deus onipotente não quis ser um Deus sem marcas. No corpo glorificado de Cristo não há ausência de dor passada, há memória redentora. A eternidade agora tem um rosto…

  • A imagem mostra uma mão segurando uma pequena caixa aberta, de onde escapa uma luz dourada intensa, que se espalha em partículas brilhantes pelo ar. O fundo é completamente escuro, destacando o contraste entre a luz e as sombras, criando uma atmosfera de mistério, reverência e beleza. A cena remete à ideia de algo precioso, imensurável e que não pode ser contido.
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    O Reino Que Não Cabe em Suas Prateleiras

    Há quem insista em colocar Deus e seu Reino em caixas. Caixas com etiquetas sofisticadas: “Aqui habita o Deus evangélico”. Ou, quem sabe, “Deus, versão católica, agora com sete sacramentos”. Tem também quem prefira embalagens mais exóticas, com liturgias em latim, em hebraico ou em línguas angelicais. Cada qual tenta capturar Deus em seus frascos de doutrinas, credos e confissões. Leia também: Hakuna Matata e o Reino de Deus Mas há um problema. Deus não cabe. Nem nas caixas, nem nas prateleiras. Na verdade, ele nem sequer frequenta esses corredores. O Eterno não é evangélico, não é católico, nem ortodoxo, nem pentecostal, nem reformado. A bem da verdade, Deus nem…

  • Um retrato a óleo de uma mulher elegante, vestindo roupas ricas e segurando uma espada e um pequeno travesseiro. A composição do quadro é centrada na figura feminina, posicionada ligeiramente para o centro da tela. A mulher é o foco principal, enquanto outras figuras menos definidas estão presentes no fundo, sugerindo um contexto de uma cena maior. A mulher é representada de frente, olhando diretamente para o espectador. Ela está em uma postura que sugere poder e serenidade. Suas mãos seguram a espada e um pequeno travesseiro de cor vinho. As mãos estão posicionadas de modo que o espectador possa observar os detalhes de cada mão, dando ênfase à peça. Os detalhes incluem a espada, o tecido da vestimenta, os acessórios e o travesseiro. A iluminação da pintura cria sombras e realça as texturas dos tecidos, dando vida e dimensão à figura principal. A figura principal é uma mulher adulta, com uma expressão serena e um ar de autoridade. Ela veste uma roupa ricamente adornada, com detalhes em dourado, indicando status ou importância. O véu e a tiara realçam o seu perfil e destacam sua elegância. Os detalhes dos acessórios, como a joia no pescoço, realçam ainda mais seu perfil e o contexto da obra. A presença de uma espada em sua mão esquerda realça ainda mais seu ar de poder e determinação. O estilo da pintura é característico da pintura holandesa do século XVII. A pincelada é detalhada, com uma renderização cuidadosa das formas, dos tecidos, e da iluminação. As cores são predominantemente terrosas, com tons de dourado, marrom e bege, criando um ambiente sofisticado e histórico. A atenção para os detalhes da roupa é notável, com a representação precisa das dobras e texturas dos tecidos. A iluminação sutil e focada dá profundidade e volume à figura principal. O ambiente é interno, com uma atmosfera de cerimônia ou um cenário palaciano, sugerido pelas paredes e pilastras de fundo, e pelas vestes elaboradas da figura feminina. A iluminação é suave e direcionada, concentrando-se na figura central. A sombra nas paredes e no fundo complementam o enfoque na figura principal, criando um efeito dramático que acentua a sua presença na cena. A atmosfera geral é de serenidade e dignidade, combinando com a postura e expressão da mulher no quadro.
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    A Crônica da Espada, da Almofada e da Noiva

    Era uma terça-feira qualquer quando, entre um café quente e uma notificação no celular, vi um post no Instagram que me arrepiou mais que sermão de domingo em cadeira de plástico. Afirmava, com a segurança típica de quem nunca duvidou da própria ignorância, que a igreja está sendo “feminilizada”. Dizia mais: que a palavra pregada pela mulher já não é espada, mas almofada. E arrematava com um suspiro apocalíptico: “estamos perdendo a essência masculina da Igreja”. Fechei o aplicativo. E respirei. Não por indignação — que já aprendi a digerir com salmos imprecativos —, mas por cansaço. O cansaço de quem vê, todo dia, homens construindo castelos de autoridade sobre…