Neurodiversidade
Flerte: Um Desafio Autista
O flerte nunca foi uma habilidade natural para mim, e essa dificuldade é compartilhada por muitos autistas. As principais áreas de deficiência em pessoas autistas são comportamento, linguagem e socialização, aspectos que são cruciais no jogo da conquista. Acredito que muitos autistas possam se identificar com essa luta. Leia também: Sexualidade Autista e Seus Desafios Desde cedo, percebi que tinha dificuldade em iniciar uma paquera. As nuances e sutilezas do flerte, que para muitos parecem tão naturais, sempre me escaparam. Eu não conseguia entender quando alguém estava tentando me conquistar, e muito menos conseguia transmitir minhas intenções de forma clara. Esses desafios tornavam as interações amorosas um terreno nebuloso e…
Sexualidade Autista e Seus Desafios
A sexualidade humana é um campo vasto e complexo, marcado por uma miríade de expressões e experiências. No entanto, quando se trata de pessoas autistas, muitas vezes prevalece uma visão distorcida e limitada, que as coloca sob uma áurea de castidade ou santidade, como se fossem inocentes ou imunes a desejos sexuais. Esta percepção não só é incorreta, como também desumaniza e nega a realidade de que pessoas autistas também são seres sexuais. Leia também: Flerte: Um Desafio Autista Pessoas autistas, independentemente do nível de suporte necessário – seja nível 1, 2 ou 3 – podem sentir desejo e interesse pelo outro, querer manter relações amorosas e sexuais, e encontrar…
A Normalidade da Diferença
O que muitas pessoas não conseguem compreender é que o cérebro de uma pessoa neurodiversa funciona de maneira distinta do que a sociedade impõe, e isso se reflete em suas ações, quer ela queira ou não. É preciso compreender que nisto também está a normalidade. É difícil entender que cerca de 2% da população mundial é neuroatípica, como autistas e pessoas com TDAH. Daí a falta de empatia para aceitar o diferente. O autista, por exemplo, pode emitir sons ou fazer movimentos incomuns. Isso não tem nada a ver com as outras pessoas ou com o desejo de incomodar, mas com a necessidade de autorregulação. Da mesma forma, uma pessoa…
Autismo e Comunicação: Minha Jornada
Frequentemente, sou criticado pelo meu jeito de comunicação, pelo jeito áspero, rebuscado e forte de falar ou escrever. Dizem que estou brigando ou defendendo algo, mesmo quando a circunstância não pede isso. Seja em conversas diárias ou nas redes sociais, essa percepção se mantém. Quando posto ou comento algo, leio e releio até deixar o mais leve possível, mas nunca parece suficiente. Sei a causa disso. O que poucos sabem é que até os 18 anos eu mal conseguia falar com alguém. Não sabia me comunicar. Cerrava os dentes, falava baixo e para dentro, cabisbaixo, e era angustiante. Fui muito indagado pela suposta timidez, caçoavam e diziam que era mentiroso…
A Dualidade da Socialização Autista
Viver com autismo é viver em um mundo onde a socialização é tanto uma necessidade quanto um desafio contínuo. Para muitos autistas, como eu, a interação social não flui naturalmente; é uma construção mecânica e superficial, uma réplica do que observamos e entendemos ser esperado de nós. A socialização autista pode ser vista como uma performance. Cumprimentos e interações básicas são aprendidos e repetidos, como uma coreografia ensaiada. Estes gestos são necessários para o convívio diário, mas falta-lhes a espontaneidade e o genuíno engajamento que os neurotípicos talvez considerem natural. Não consigo iniciar ou sustentar conversas triviais; simplesmente não sei como fazê-lo de maneira que pareça natural. Quando a conversa…
O Jogo Perigoso da Linguagem: Autismo, Masking e os Riscos de Ensinarmos Nossos Filhos a Mentir
Por Ludwig Wittgenstein, a linguagem foi descrita como um jogo. Ele estava certo, mas para nós autistas, este jogo pode se tornar perigoso. Como pais de autistas, precisamos tomar cuidado com a maneira como ensinamos nossos filhos sobre a linguagem e suas nuances. Autistas, principalmente aqueles de nível 1 de suporte, frequentemente utilizam uma técnica chamada masking em suas relações sociais. O masking, em termos simples, é “fingir” um comportamento socialmente aceito para tentar se adequar. Para pessoas neurotípicas, este comportamento é tão natural quanto aprender a andar. Porém, para nós autistas, o masking pode ser extremamente desgastante e problemático. Esse “jogo” constante de tentar se encaixar pode levar a…