
As Contradições da “Teologia” da Prosperidade
A “teologia” da prosperidade, também conhecida como “evangelho da prosperidade”, é um movimento que ganhou força no século XX, principalmente em círculos pentecostais e neopentecostais. Seus precursores e principais expoentes incluem figuras como Kenneth Hagin, Kenneth Copeland, Oral Roberts, Creflo Dollar e Joel Osteen, entre outros. Essa teologia enfatiza a ideia de que a bênção financeira e o bem-estar físico são sempre a vontade de Deus para os crentes, desde que eles tenham fé suficiente, façam doações generosas (muitas vezes chamadas de “sementes financeiras”) e declarem bênçãos sobre suas vidas.
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Principais ensinamentos e precursores:
- Kenneth Hagin (1917-2003):
- Ensinou que os crentes têm o direito de reivindicar saúde, riqueza e sucesso por meio da fé e de confissões positivas. Ele popularizou a ideia de que as palavras têm poder criativo e que os crentes podem “declarar” bênçãos sobre suas vidas.
- Hagin baseou muitos de seus ensinamentos em uma interpretação literal de versículos como Marcos 11:23-24 e 3 João 1:2, que falam sobre fé e prosperidade.
- Kenneth Copeland (1936-):
- Copeland expandiu os ensinamentos de Hagin, enfatizando que os crentes são “pequenos deuses” (uma interpretação controversa de Salmo 82:6 e João 10:34) e que, por meio da fé, podem controlar suas circunstâncias.
- Ele também ensinou que a pobreza é uma maldição e que a prosperidade financeira é um sinal da bênção de Deus.
- Oral Roberts (1918-2009):
- Roberts foi um dos primeiros a vincular a fé à prosperidade material, ensinando que doações financeiras para ministérios religiosos resultariam em bênçãos multiplicadas de Deus. Ele popularizou o conceito de “semear uma semente financeira”.
- Creflo Dollar (1962-) e Joel Osteen (1963-):
- Esses líderes modernos continuaram a promover a ideia de que a prosperidade financeira e o sucesso pessoal são direitos dos crentes. Osteen, em particular, foca em mensagens positivas e motivacionais, muitas vezes evitando temas como pecado e arrependimento.
Por que esses ensinos vão contra as Escrituras?
A teologia da prosperidade é criticada por muitos teólogos e cristãos por várias razões bíblicas e teológicas:
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- Distorção da natureza de Deus:
- A teologia da prosperidade frequentemente retrata Deus como um meio para alcançar riqueza e sucesso, em vez de focar em Sua soberania, santidade e vontade. Isso reduz Deus a um “garçom celestial” que existe para satisfazer desejos humanos.
- Foco no materialismo:
- A Bíblia adverte contra o amor ao dinheiro e ao materialismo (1 Timóteo 6:10, Mateus 6:19-21). Jesus ensinou que a vida de uma pessoa não consiste na abundância de bens (Lucas 12:15) e que os discípulos devem buscar primeiro o Reino de Deus (Mateus 6:33).
- Má interpretação de versículos:
- Muitos versículos usados para apoiar a teologia da prosperidade são tirados de contexto. Por exemplo, 3 João 1:2 (“Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas…”) é uma saudação pessoal, não uma promessa universal de prosperidade financeira.
- Negligência ao sofrimento e à cruz:
- A teologia da prosperidade muitas vezes ignora o chamado de Jesus para carregar a cruz e seguir Seus passos (Mateus 16:24). A Bíblia fala sobre sofrimento como parte da vida cristã (Filipenses 1:29, 2 Timóteo 3:12) e não promete uma vida livre de dificuldades.
- Exploração financeira:
- A ênfase em doações como “sementes” para receber bênçãos pode levar à exploração de fiéis, especialmente aqueles em situações financeiras vulneráveis. Isso contradiz o ensino bíblico de dar com alegria e generosidade, sem expectativa de retorno (2 Coríntios 9:7).
- Individualismo excessivo:
- A teologia da prosperidade tende a focar no indivíduo e em suas bênçãos, em vez de na comunidade e no serviço aos outros. A Bíblia enfatiza o cuidado com os pobres e necessitados (Tiago 1:27, Mateus 25:31-46).
Conclusão
Embora a teologia da prosperidade possa parecer atraente, ela frequentemente distorce a mensagem central do Evangelho, que é sobre salvação, redenção e vida eterna, não sobre riqueza material ou sucesso terreno. A Bíblia ensina que a verdadeira prosperidade está em ter um relacionamento com Deus e viver de acordo com Sua vontade, independentemente das circunstâncias materiais.
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