Cristo é o guia do cristão, não o medo ou teorias da conspiração, ou negacionismo

Dizer que vivemos em uma época difícil parece até uma hipocrisia, já que 200 anos atrás tudo era muito mais complicado. A luta pela sobrevivência era bem mais complexa, não havia recursos como hoje. Pensar na época do início da igreja, então, nos leva a pensar em um período extremamente perturbador para todas as pessoas daquele tempo. Óbvio que o mundo hoje não é uma beleza, tendo em vista que há países nos quais nossos irmãos são perseguidos por sua fé, em outros morrem de fome pela pobreza. Contudo a realidade é que cada tempo trás suas próprias dificuldades e como igreja devemos viver para além delas, não nos deixando levar por nossos interesses pessoais, mas pelos interesses do reino de Deus. Precisamos saber porque Cristo é o guia do cristão.

Nessa nossa época em que tudo vira polêmica, personalidades são facilmente arrastadas para a lama do esquecimento, a economia e a política se apresentam instáveis, a ética se encontra em decadência, o medo da morte alarma pessoas com complexo de divindade, notícias apressadas ou enganosas viajam mais rápido que a luz por toda a rede mundial ao toque de um dedo e o conhecimento já é tão desproporcional ao tamanho da mente humana que o mais sensato parece ser o ceticismo. Como igreja precisamos entender que Cristo é o guia do cristão, não o medo, ou teorias da conspiração ou negacionismo.

A natureza do ser cristão está intimamente ligada à natureza de Cristo pelo vínculo da fé, o cristão é membro do corpo de Cristo e esse corpo é a igreja. A fé foi dada por Cristo por meio da graça em amor e, diz as Escrituras, “o verdadeiro amor lança fora todo o medo” (1 João 4, 18). Notemos que o apóstolo faz questão de deixar claro “o verdadeiro amor”, em outro texto ele mesmo afirma “Deus é amor”. Portanto o cristão não precisa temer a morte, os inimigos deste mundo, o diabo ou mesmo o inferno, a única necessidade é que o servo do Senhor seja amado e ame vertical e horizontalmente como ordena Cristo, o cabeça, “Ame o Senhor… e o próximo… si mesmo” (Mateus 22, 37-39). Amando a Deus não precisamos temê-lo, afinal, só é possível amá-lo porque ele nos amou primeiro (1 João 4, 19); se amamos ao próximo não carecemos de medo, visto que Cristo, como diz Paulo, “não nos concedeu espírito de covardia, mas de moderação, amor e ousadia” (2 Timóteo 1, 7). Por esse Espírito Ananias abandonou seu receio e foi até Saulo, o perseguidor da igreja e assassino dos seguidores do Caminho, e lhe impôs as mãos e o curou e Saulo se levantou cheio desse mesmo Espírito (Atos 9).

O medo do qual a Bíblia fala não diz respeito à naturalidade do respeito à existência dos perigos, mas do temer que trava a vida e impede que o ser humano de fato viva, por isso quem não está em Cristo não vive, mas quem está nele experimenta “vida e vida com abundância” (João 10, 10). O receio de dar o próximo passo para a glória de Deus não existe, já que o cristão encontrou a vida em Cristo, logo não teme nada que possa vir contra si, afinal sua nova vida no Senhor (2 Coríntios 5, 17) depende apenas das promessas de segurança, de cuidado e de manifestação santificada e glorificada na totalidade do reino de Deus e tudo isso está para além da realidade transitória deste mundo (Romanos 8, 18).

As tramas desse mundo e de satanás não são motivos de preocupações para o cristão. Afinal não há nenhum plano desconhecido por Deus, por isso, não há qualquer teoria da conspiração pela qual o cristão possa cair, pois está seguro nas mãos do Senhor Jesus (Isaías 41, 13). O servo de Cristo não pertence aos poderes políticos, religiosos ou qualquer que seja das potestades desse mundo tenebroso, nossa confiança está na Palavra de Deus (Efésios 6, 12-13), do Deus que conhece a eternidade passada, a eternidade presente e a eternidade futura que para Ele é tudo uma mesma e única coisa. Não há poder organizacional que possa destruir a igreja ou mesmo impedir que o corpo de Cristo esteja reunido como corpo, pois o corpo de Cristo está para além da manifestação física deste mundo, nós como corpo nos reunimos acima de tudo nos lugares celestiais com todos os santos de todas as épocas (Hebreus 12, 22-24).

Se há algo nesse mundo do qual não tenhamos conhecimento como plano humano ou demoníaco para suprimir a igreja do Senhor Jesus Cristo isto, sem dúvida alguma, não pode sequer equiparar-se ao plano de Deus para a manifestação dos filhos da Luz. Assim, como igreja não podemos também ser negacionistas e abandonar a validade dos conhecimentos produzidos pela humanidade, visto que, por breve tempo ainda participamos dessa casa, nosso corpo, nesse mundo. Ignorar o valor do saber é o mesmo que rejeitar a realidade e ignorar a realidade é insanidade. Por isso, como filhos de Deus podemos participar de tudo aquilo que não é pecado, tudo aquilo que não é condenado pelas Escrituras nem pelo Espírito que habita em nós como igreja.

A igreja de Cristo não é reducionista, isso quer dizer que ela não anda por dizeres científicos, educacionais, políticos ou organizacionais. Nossa regra de caminhar é a própria Bíblia e somos nós mesmos a manifestação do Caminho que é o próprio Jesus. Dessa maneira abandonamos todo o temor que possa tentar nos reprimir, não damos ouvidos às teorias conspiratórias que querem nos distanciar da Palavra de Deus, nem mesmo cedemos à ignorância ao ponto de negar qualquer conhecimento.

A igreja foi e é perseguida. Muitos de nossos irmãos e irmãs foram mortos, jogados às feras, apedrejados, decapitados, surrados, enforcados, fuzilados, deixados a morrer de fome e sede. Mas “o sangue dos mártires é a semente dos cristãos” (Tertuliano, Apologético, 50,13). Nós só estamos aqui porque muitos foram mortos, muitos ainda estarão porque muitos de nós também seremos mortos e todos só somos salvos porque Cristo foi o Sumo Mártir dando-se como Sacrifício e Sacerdote pelo sangue de quem fomos todos lavados, remidos e redimidos (Hebreus 8).

Por tudo isso é maravilhoso sermos chamados à fé e podermos padecer pelo nome de Cristo, confiar nele, não temer, não nos preocuparmos com o desconhecido e não negarmos a vida a qual ele nos deu aqui para a glória dele. Não há coisa alguma que possa nos separar do amor de Deus, afinal o amor dele é verdadeiro e o poder dele é soberano. Por isso continuemos vivendo as graças do reino, servindo pelas missões da fé e nos discipulando uns aos outros com nossa vida.

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