De Onde Vem Minha Teologia

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Minha teologia não é um conceito abstrato aprendido em livros acadêmicos ou conferências teológicas. Ela é uma jornada diária, uma dança entre o sagrado e o profano, o espiritual e o mundano, que se entrelaçam para formar a essência do meu ser.

Começa com a leitura e meditação nas Escrituras Sagradas. A lectio divina, um ritual de mergulhar nas palavras sagradas, é o alicerce. Cada versículo lido e cada palavra refletida são como sementes plantadas em solo fértil. As Escrituras são para mim mais que um texto; são uma conversa contínua com Deus. Na meditação, permito que essas palavras penetrem profundamente em minha alma, gerando percepções e inspirações que transcendem muitas vezes a simples compreensão racional.

Em seguida, vem a oração em secreto ao Pai. Na solidão do meu quarto, sem a presença de espectadores, derramo meu coração diante de Deus. A oração não é apenas um pedido, mas um diálogo íntimo, um desnudamento da alma. É no silêncio, nas palavras sussurradas e até nas lágrimas derramadas que encontro consolo e direção. É ali, no secreto, que as respostas vêm, muitas vezes silenciosas, mas poderosas.

A contemplação diante de Deus e de toda a criação expande essa teologia. Aqui, cada experiência, seja ela positiva ou negativa, contribui para a formação da minha compreensão teológica. O sofrimento, por exemplo, não é apenas uma prova, mas uma lição profunda sobre a fragilidade humana e a necessidade de depender de Deus. A relação com o semelhante revela o mandamento de amar o próximo como a si mesmo, e nas várias formas de saber e conhecer, encontro a sabedoria divina se manifestando de maneiras inesperadas.

A angústia e o desespero, embora dolorosos, são como forjas onde minha fé é refinada. Nessas experiências, aprendo sobre a resiliência da alma e a esperança que nunca morre. A solidão, por sua vez, me ensina sobre a presença constante de Deus, mesmo quando todos ao meu redor parecem ausentes. Nas decisões e indecisões, descubro a mão guiadora de Deus, e na fé e na falta dela, compreendo a natureza humana e a graça divina.

Minha teologia nasce e renasce todos os dias. Vive e morre em cada novo pensamento, se aperfeiçoa em cada nova situação, mas nunca negando essa ordem. Se a teologia não começar nesta ordem, ela não compensa. A teologia que me molda é a mesma que eu moldo, e ela vem do coração, como uma boa música que expressa a vida.

Soli Deo Gloria.

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Paulo Freitas

Paulo Freitas

Paulo Freitas é teólogo, filósofo, professor e presbítero. Autista, escreve sobre fé, fragilidade, dor, neurodiversidade e tudo o que nos torna profundamente humanos.

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