Fé em Movimento: além de rótulos

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Navegar pelo mundo das igrejas, denominações e escolas teológicas é como percorrer um vasto oceano de crenças e interpretações. Cada porto oferece uma nova perspectiva, um novo sabor de fé, uma nova maneira de enxergar o divino. Eu, por exemplo, tenho raízes que se estendem profundamente no solo pentecostal, metodista e reformado. Essa mistura não me torna inconsistente, mas sim um mosaico de experiências e conhecimentos.

Quando olho para figuras como Calvino e Arminio, Barth e Kierkegaard, Agostinho e Aquino, encontro neles tanto razões para concordar quanto para discordar. Há dias em que me alinho com as ideias reformadas de Calvino, outros em que a teologia arminiana faz mais sentido. Barth e Kierkegaard, com suas abordagens existencialistas e neo-ortodoxas, me provocam e desafiam, enquanto Agostinho me oferece uma profundidade espiritual inigualável, apesar de seus equívocos.

Bonhoeffer, com sua coragem e sacrifício, me inspira, embora eu nem sempre concorde com todos os seus pensamentos. A teologia patrística e medieval, com sua riqueza e complexidade, me atraem, mas também estou ciente de seus erros e vícios. Sou protestante de coração, mas encontro em muitas teologias católicas uma profundidade e beleza que frequentemente superam as protestantes.

Já me percebi com traços batistas, presbiterianos e wesleyanos, sem, contudo, me fixar em nenhum desses rótulos. Isso pode parecer uma incógnita ou uma loja de variedades para alguns, mas para mim, é simplesmente ser fiel a uma busca incessante pela verdade.

Não me vendo a nenhum pensador ou mestre. Eu não sou de Paulo, nem de Apolo, nem de Pedro. E, ao contrário dos coríntios arrogantes, também não ouso dizer que sou de Cristo de forma excludente. Somos todos humanos, sujeitos a erros e acertos, com diferentes pontos de vista. Mas a verdade é que somente Cristo é a verdade.

Assim, sigo minha jornada, aprendendo e desaprendendo, construindo e desconstruindo, sempre com a esperança de que, no meio desse vasto oceano, a verdade de Cristo continue a ser meu farol.

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Paulo Freitas

Paulo Freitas

Paulo Freitas é teólogo, filósofo, professor e presbítero. Autista, escreve sobre fé, fragilidade, dor, neurodiversidade e tudo o que nos torna profundamente humanos.

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