Jesus, Entre Dois Reinos: A Dança do Céu e da Terra

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Era uma vez um homem que caminhava entre dois reinos. Não um pé aqui, outro ali, mas com os dois pés firmes na terra e o coração completamente no céu. Jesus, o carpinteiro de Nazaré, trazia consigo um mistério que nem os mais sábios dos sábios conseguiam decifrar. Ele era como uma ponte entre o visível e o invisível, entre o que se pode tocar e o que só se pode sentir. Seus discípulos, homens simples, pescadores e cobradores de impostos, olhavam para Ele com olhos cheios de esperança, mas também de perplexidade. Eles esperavam um rei, um libertador, alguém que os livraria das correntes de Roma e ergueria um trono em Jerusalém. Mas Jesus, com sua voz calma e seus olhos cheios de eternidade, falava de um reino que não era deste mundo.

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Os discípulos sonhavam com espadas reluzentes, exércitos invencíveis e um império que se estenderia até os confins da terra. E, de certa forma, Jesus alimentava esses sonhos. Ele curava os enfermos, multiplicava pães, acalmava tempestades e confrontava os poderosos com uma autoridade que ninguém conseguia contestar. Era como se Ele dissesse: “Sim, eu sou o Rei, mas o meu reino não é como vocês imaginam”. E então, num momento de aparente contradição, Ele começava a falar de sofrimento, de rejeição, de uma cruz. Os discípulos ficavam confusos. Como um rei poderia ser derrotado? Como o libertador poderia ser preso? Como o Messias poderia morrer?

Jesus vivia entre dois reinos, mas não porque Ele estivesse dividido. A divisão estava na mente daqueles que O seguiam. Para eles, era difícil entender que o reino de Deus não era uma extensão do reino deste mundo. Eles queriam um libertador político, mas Jesus veio como um libertador espiritual. Eles queriam pão, mas Ele oferecia o pão da vida. Eles queriam vitória sobre os romanos, mas Ele falava de vitória sobre o pecado e a morte. Era como se Jesus dissesse: “Vocês estão olhando para o que é pequeno, mas eu vim lhes mostrar algo infinitamente maior”.

A mente humana, criada por Deus, é como um vaso que precisa ser esvaziado antes de ser preenchido. Jesus não veio para confirmar o que os discípulos já sabiam, mas para revelar o que eles nunca poderiam imaginar. E isso doía. Doía porque significava abandonar ideias antigas, desconfianças, preconceitos. Doía porque significava crer no invisível, no impossível, no que só pode ser visto com os olhos da fé. Jesus não veio para ser um rei como Davi, empunhando uma espada e derramando sangue. Ele veio para ser o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

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E assim, entre dois reinos, Jesus caminhava. Ele não estava dividido, mas os seus seguidores estavam. Eles queriam um reino terreno, mas Jesus lhes oferecia o reino dos céus. Eles queriam libertação política, mas Ele lhes oferecia libertação eterna. Eles queriam um trono, mas Ele lhes oferecia uma cruz. No fim, Jesus não estava entre dois reinos. Ele era o próprio reino. E apenas aqueles que O enxergavam com os olhos da fé podiam entender que o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.

E assim, encerro com uma pergunta: Em qual reino você está vivendo? No reino deste mundo, onde tudo é passageiro, ou no reino de Deus, onde tudo é eterno? Jesus viveu entre dois reinos para nos mostrar que o céu e a terra podem se encontrar, mas apenas quando o nosso coração está onde Ele está: no trono da graça.

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Paulo Freitas

Paulo Freitas

Paulo Freitas é teólogo, filósofo, professor e presbítero. Autista, escreve sobre fé, fragilidade, dor, neurodiversidade e tudo o que nos torna profundamente humanos.

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