No silêncio da história, onde a humanidade se debate em busca de definições, surge uma verdade que desafia todas as classificações. Jesus não tem dono. Essa é uma realidade que transcende as limitações humanas, as fronteiras teológicas e as divisões políticas. Na tentativa desesperada de compreender o incompreensível, muitos tentam aprisionar Cristo em moldes pré-estabelecidos, esquecendo-se de que Ele não pertence a ninguém, exceto a Deus; e ele é Deus.
A política, com seus jogos de poder, tenta de tempos em tempos reivindicar Jesus para um lado ou outro. Direita, esquerda, centro – todos querem um pedaço do Divino para justificar suas ações e ideologias. No entanto, Jesus não se alinha com partidos ou movimentos. Ele não é refém das agendas humanas. Seu compromisso é com o Reino de Deus, que ultrapassa qualquer estrutura política terrena. A sua verdade não se molda às conveniências humanas; ela é eterna e imutável.
No campo da teologia, a fragmentação é ainda mais evidente. Arminianos e calvinistas, batistas e presbiterianos, pentecostais e neopentecostais – todos reivindicam uma parcela de verdade, uma fração da compreensão divina. Mas Jesus não pertence a nenhuma corrente soteriológica, não se limita a nenhuma doutrina específica. Ele não aderiu nem à ortodoxia nem à heresia. Ele é o Verbo Encarnado, a expressão viva do Deus invisível, cuja sabedoria transcende qualquer sistema teológico.
A Bíblia é clara quando diz que toda boca deve se calar diante de Deus. Isso inclui todos os homens, com suas teorias, doutrinas e interpretações. Diante da majestade divina, nossas palavras são meras sombras, nossas certezas, ilusões. Todo joelho se dobrará, toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor. Isso nos lembra que, diante do Absoluto, somos chamados à humildade. Nossas tentativas de definir e controlar a verdade divina são vãs, pois apenas Deus é verdadeiro e todo homem, mentiroso.
Jesus nunca mudou de ideia, nunca se alinhou a nenhuma escola teológica ou filosófica. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Ele é o Absoluto, a verdade encarnada, que vê todos os lados da realidade e detém toda a verdade. Portanto, nenhum ser humano possui a verdade em sua totalidade. O que temos são apenas fragmentos, vislumbres da vontade divina. E mesmo esses fragmentos são filtrados por nossos vieses humanos, nossas limitações.
Há quem esteja radicalmente errado, mas não é a régua do outro que pode medi-lo. Apenas a régua divina pode declarar quem é discípulo e servo de Deus e quem é usado por Satanás. Apenas Deus tem a autoridade para julgar, para determinar a verdade.
Que Deus nos tenha como seus discípulos, humildes e atentos à sua voz. Que reconheçamos a nossa limitação e a supremacia divina. Que sejamos guiados não pela arrogância de nossas certezas, mas pela humildade de quem sabe que apenas Deus detém toda a verdade. Assim, caminharemos em sua luz, reconhecendo que Jesus não tem dono, e que toda tentativa de aprisioná-lo é vã diante da imensidão do seu ser.
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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.