O Caminho dos Eleitos: rumo à identidade

Ser ou não ser cristão não é uma escolha que se faz uma vez, mas uma jornada contínua, sem ponto de intersecção, como bem expôs Kierkegaard. Na conversão, encontramos a Cristo e passamos a ser cristãos; Porém, estamos em constante transformação, numa caminhada que nos desafia e nos molda diariamente, para Ele, o Senhor.

Há quem tema a perda da salvação, como afirma Armínio; ou acreditando na possibilidade de passar da eleição para a rejeição, como sugeriu Karl Barth. Ser rejeitado por Deus é um destino que nenhum coração deseja trilhar, especialmente quando consideramos a vasta misericórdia divina, a razão pela qual não somos consumidos em nossa imperfeição. Claro, ambos acreditam que essa possibilidade é ínfima. Contudo, Calvino afirma que, uma vez eleitos, a salvação é imutável. O salvo é salvo, e o perdido é perdido.

Essas contradições entre os pensadores da salvação refletem a complexidade e o mistério da graça divina. Para alguns, temos mérito em nossa própria salvação. Isso é absurdo! A obra é inteiramente de Deus, desde a criação da possibilidade em Cristo até a nossa resposta de fé, que é também um dom de Deus. Deus é o único Senhor da salvação e ninguém tem o mínimo controle sobre ela.

Ser ou estar sendo cristão é, portanto, um percurso no Caminho. É encontrar sentido e propósito na vida, vencendo a vacuidade que frequentemente nos assola. Estar em Cristo é ser continuamente transformado por Ele, é descobrir-se e ser moldado para ser mais parecido com Ele. Nesse processo, não nos perdemos; pelo contrário, encontramos nossa verdadeira identidade, pois ser cristão é um estado transitório rumo ao nosso verdadeiro destino: a glorificação.

Quando finalmente formos plenamente cristãos, a própria noção de ser cristão será ultrapassada pela realidade do que nos tornaremos em Cristo. Seremos nós mesmos, completos e glorificados, em perfeita união com Deus, onde nossa jornada de transformação encontrará seu pleno cumprimento.

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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.

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