O Enigma da Vara: Do Cajado ao Carinho

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Era uma vez, em um pequeno vilarejo, um sábio conhecido por sua sabedoria prática e suas palavras que ecoavam através das gerações. Certa vez, ele escreveu um provérbio que dizia: “Quem poupa a vara odeia seu filho, mas quem o ama, desde cedo o castiga.” Ah, a famosa vara da disciplina! O que seria exatamente? Um galho de árvore? Uma arma de correção física?

Engraçado como algumas pessoas gostam de interpretar isso de forma literal, agarrando-se à ideia de que a vara deve ser usada para bater na criança, como se a educação fosse questão de força bruta. Mas, vejamos como essas mesmas pessoas mudam de opinião ao lerem o Salmo 23: “A tua vara e o teu cajado me consolam.” Já pensou se ali fosse Deus nos batendo? Certamente não seria reconfortante! Aqui, a vara e o cajado não são instrumentos de punição, mas símbolos de orientação e cuidado.

Vamos decifrar este enigma. A vara da disciplina, no contexto bíblico, é muito mais que um pedaço de madeira. É uma metáfora para a direção, orientação e ensino que um pai ou mentor oferece. O sábio não está defendendo a violência, mas sim o ato de guiar e corrigir com amor e firmeza. Da mesma forma que o pastor usa o cajado para guiar e proteger suas ovelhas, a vara da disciplina serve para orientar e educar, e não para machucar.

A disciplina não se dá por meio de pancadas, mas mediante exemplos, ensinamentos e uma firme orientação. A vara da disciplina é uma figura de linguagem para representar a correção amorosa, essencial para o crescimento e desenvolvimento de uma criança. Guiar uma criança com amor e limites é diferente de infligir dor.

Pensemos no Salmo 23 novamente: “A tua vara e o teu cajado me consolam.” Deus, o pastor, usa a vara e o cajado para guiar suas ovelhas, para levá-las aos pastos verdejantes e às águas tranquilas. Ele não as fere, mas as orienta com carinho e proteção.

Quando usamos a vara da disciplina com nossos filhos, devemos lembrar que nosso papel é semelhante ao do pastor: orientar, proteger e conduzir com amor. Bater não é ensinar; guiar é. E é na caminhada ao lado dos nossos pequenos, com paciência e sabedoria, que construímos os verdadeiros alicerces para suas vidas.

A vara da disciplina, portanto, é um convite à reflexão sobre nossa maneira de educar. É um chamado à responsabilidade de sermos guias amorosos e firmes, que mostram o caminho através do exemplo e da palavra, e não da força bruta. Que possamos ser pastores de nossos filhos, conduzindo-os com a vara da sabedoria e do amor.

E assim, entre risos e reflexões, vamos desconstruindo mitos e construindo entendimentos mais profundos sobre o verdadeiro significado da vara da disciplina. Não se trata de castigo, mas de cuidado. Nem de dor, mas de amor. Porque, afinal, a vara que consola é a mesma que guia, e essa é a verdadeira essência da disciplina.

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Paulo Freitas

Paulo Freitas

Paulo Freitas é teólogo, filósofo, professor e presbítero. Autista, escreve sobre fé, fragilidade, dor, neurodiversidade e tudo o que nos torna profundamente humanos.

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