O Paradoxo do Desagradável Salvador

Compartilhe

Na vastidão da Judeia antiga, Jesus caminhava sem pressa, mas com propósito. Não buscava agradar multidões, não prometia aceitação universal, e, surpreendentemente, isso o tornava ainda mais intrigante. Ele parecia compreender uma verdade que, para muitos, era difícil de digerir: tentar agradar a todos é um caminho garantido para agradar a ninguém.

Imaginemos Jesus na contemporaneidade. Ele talvez fosse convidado para um talk show. “Jesus, você sabe, nem mesmo você conseguiu agradar todo mundo!” O anfitrião diria, rindo nervosamente. Jesus, com um sorriso enigmático, responderia: “Eu nunca quis. Meu objetivo era bem claro – agradar apenas ao Pai.”

De fato, ele deixou claro que sua missão não era promover uma paz superficial, mas trazer uma espada de verdade, cortando ilusões e forjando verdades. O Cristo que amava profundamente também foi o mesmo que dividiu, até mesmo dentro das famílias. Pais contra filhos, filhos contra pais. Não havia espaço para amor piegas ou devoção dividida. “Quem ama alguém mais do que a mim, ainda não aprendeu a agradar a Deus,” dizia ele, sem remorso.

Esse paradoxo do amor que divide é um convite ao verdadeiro discipulado. Jesus enviou seus discípulos ao mundo com uma missão de amor, sabendo muito bem que o amor verdadeiro muitas vezes encontra ódio, calúnias e rejeição. Amar à moda de Jesus não é sobre acumular seguidores e bajuladores; é sobre agradar a Deus, custe o que custar.

Então, quando ouvimos a velha máxima “nem Jesus agradou todo mundo,” deveríamos corrigir: Jesus nunca quis agradar a ninguém, exceto ao Pai. E nós, seus discípulos, seguimos o mesmo caminho. Buscamos agradar a Cristo, não aos aplausos do mundo. Afinal, no espetáculo divino, a plateia que realmente importa é a dos céus.

E assim, entre risos e reflexões, percebemos que seguir Jesus é um chamado ao paradoxo: amar profundamente, mesmo que isso signifique desagradar aqueles ao nosso redor. Porque, no fim das contas, agradar ao Pai é a verdadeira medida do sucesso.

banner-ousia-ebook-teologia-newsletter

Quer o meu livro "Teologia de Pé de Pequi"? Inscreva-se para receber conteúdo e ganhe o livro em PDF diretamente em seu e-mail

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

banner-ousia-ebook-teologia-newsletter

Quer o meu livro "Teologia de Pé de Pequi"? Inscreva-se para receber conteúdo e ganhe o livro em PDF diretamente em seu e-mail

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

Compartilhe
Paulo Freitas

Paulo Freitas

Paulo Freitas é teólogo, filósofo, professor e presbítero. Autista, escreve sobre fé, fragilidade, dor, neurodiversidade e tudo o que nos torna profundamente humanos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

The owner of this website has made a commitment to accessibility and inclusion, please report any problems that you encounter using the contact form on this website. This site uses the WP ADA Compliance Check plugin to enhance accessibility.