O vento soprava suavemente, carregando consigo o cheiro fresco da chuva recém-caída. No jardim, sentado em um banco de madeira, eu contemplava as flores dançando ao ritmo do vento. Enquanto observava esse balé natural, minha mente vagava pelas profundezas do saber, refletindo sobre a vastidão do que sabemos e, principalmente, do que desconhecemos.
Lembro-me de uma conversa com um amigo filósofo, há muitos anos. Ele, com olhos brilhantes de entusiasmo e uma voz que transmitia sabedoria, disse: “O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano”. Naquela época, essa frase soava apenas como um clichê poético. Hoje, contudo, ela ressoa em minha mente com uma profundidade que só a experiência e o amadurecimento poderiam proporcionar.
Cada livro lido, cada conversa tida, cada momento de introspecção, acrescentou uma gota ao meu oceano de saber. Mas, paradoxalmente, quanto mais aprendi, mais consciente me tornei da minha própria ignorância. A douta ignorância, como chamavam os antigos, é a consciência iluminada de que, por mais que se saiba, ainda há infinitos horizontes a serem explorados.
Nesse mar de conhecimento, somos navegadores destemidos, ansiosos por descobrir novas terras e desbravar novos conceitos. No entanto, cada nova descoberta traz consigo a realização de que há muito mais por descobrir. É como se o universo conspirasse para nos lembrar constantemente de nossa pequenez diante da vastidão do saber.
Esse paradoxo é, ao mesmo tempo, uma bênção e um fardo. A busca pelo conhecimento é um impulso inato, uma necessidade quase visceral de entender o mundo e a nós mesmos. Cada avanço, cada nova compreensão, nos proporciona um vislumbre da verdade. Mas essa verdade é fugaz, sempre escapando por entre os dedos, levando-nos a perseguir eternamente a próxima gota de sabedoria.
No entanto, é precisamente essa busca interminável que nos define como seres humanos. Somos pequenos universos em constante expansão, e é na exploração de nossos próprios limites que encontramos sentido e propósito. Cada gota de conhecimento adicionada ao nosso oceano interior nos enriquece, mesmo que nos lembre de nossa ignorância infinita.
Sentado naquele banco, cercado pela simplicidade e complexidade da natureza, percebo que o verdadeiro valor do conhecimento não está apenas nas respostas que encontramos, mas nas perguntas que somos capazes de formular. É a curiosidade incessante, a sede insaciável por saber mais, que nos impulsiona para frente, que nos faz crescer e evoluir.
Ao final do dia, talvez nunca compreendamos plenamente o vasto oceano do desconhecido. Mas é nessa jornada, nesse navegar contínuo, que encontramos nossa essência. Pois somos, de fato, pequenos universos, eternamente em expansão, buscando nos compreender em meio à imensidão do saber.
E assim, com o coração sereno e a mente aberta, continuo minha jornada, sabendo que cada gota de conhecimento é um tesouro, e cada nova descoberta, uma oportunidade de crescer e me maravilhar com o mistério infinito do universo.
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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.