Há quem diga que o sofrimento é um fardo que nenhum ser humano deveria carregar. E, se sou acusado de defender o sofrimento, respondo com serenidade: não sou adepto da dor, nem daqueles que, por loucura ou desejo, encontram nela prazer. O sofrimento não é escolha, é parte inevitável da caminhada do cristão neste mundo.
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O que seria, afinal, essa jornada sem as marcas deixadas pela dor? Jesus, o Homem das Dores, caminhou por estradas empoeiradas, tocou as feridas dos aflitos, e se fez próximo daqueles cujos corações já não viam mais esperança. E, assim como Ele, nós sofremos. Se não por nossas próprias tribulações, sofremos pelos nossos irmãos, que enfrentam aflições que parecem insuportáveis. Sofremos, também, ao contemplar o mundo que não conhece a salvação, o desespero dos que caminham nas trevas, alheios à luz.
A empatia cristã não pode ser relegada a um sentimento distante ou casual. Ela é o vínculo que nos une à cruz, ao sacrifício de Cristo, ao amor que não se resume a palavras, mas à ação de viver para o outro. Não basta sentir compaixão, é preciso que essa compaixão nos mova a viver em função do próximo. Como bem disse o apóstolo João, “não há amor maior do que este: dar a vida pelos amigos.” Dar a vida, muitas vezes, não implica em morrer fisicamente, mas sim em viver de maneira que a dor do outro seja nossa dor.
Somos, portanto, chamados a chorar. Sim, “bem-aventurados os que choram”, porque a partir das lágrimas se cria um elo invisível, mas inquebrável, que nos faz compartilhar uma mesma fé, uma mesma esperança. Nossas lágrimas são como sementes que, ao tocar o solo, regam o coração endurecido, tornando-o fértil para o amor.
O sofrimento, na perspectiva cristã, não é vazio. Ele aponta para a cruz. E a cruz, por mais terrível que seja, não é o fim. Há um brilho por trás dela, um brilho que a eternidade revela. E, nesse brilho, a dor encontra o seu propósito, o sacrifício, a sua vitória e o amor a sua plenitude. Afinal, se Cristo sofreu, e com isso nos reconciliou com o Pai, quem somos nós para fugir da dor de compartilhar da mesma sorte?
Que nosso sofrimento seja, portanto, um espelho da compaixão divina. Que nossas lágrimas sejam sinais de um coração que bate junto ao do nosso irmão. E que, ao carregarmos a cruz, lembremo-nos de que não caminhamos sozinhos.
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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.