Na fé cristã, os pastores têm a função de liderar e cuidar do rebanho, assim como Jesus Cristo é o Bom Pastor que guia e zela por suas ovelhas. Portanto, os pastores devem se espelhar na humildade e no amor de Cristo, servindo com compaixão e dedicação para o bem-estar espiritual de sua congregação. No entanto, os pastores também são humanos e, assim como as ovelhas, precisam de orientação e cuidado espiritual.
Não podemos pensar que pastores são seres especiais ou perfeitos, livres de tentações e dificuldades, eles também erram e pecam, sofrem e morrem. Ser pastor, ou seja, lá como chamam em sua denominação (apóstolo, bispo ou qualquer dessas invenções) não os torna super-humanos ou imunes aos desafios da vida. Pastores são pessoas que necessitam da mesma graça divina que suas ovelhas.
Pastores têm uma responsabilidade maior, mas isso não os torna maiores que os demais membros da congregação, pelo contrário, os torna menores. Jesus disse que quem quer ser o maior este deve ser o servo de todos, e Paulo disse aos filipenses que “considere os outros superiores a si mesmo”. Assim, os pastores devem adotar uma atitude de humildade, reconhecendo sua própria fragilidade e a necessidade de permanecerem sob a liderança do Bom Pastor, Cristo Jesus.
Pastorear pessoas é uma disposição daqueles que servem, porém, as ovelhas não pertencem ao pastor, mas ao Senhor, que é o dono do rebanho. De mesmo modo, o pastor é também uma ovelha do rebanho de Cristo, nada mais que isso. Em outras palavras, o pastor é uma ovelha que precisa balir mais alto para ajudar as outras ovelhas a ouvirem a voz do Sumo Pastor, Jesus.
Há um perigo insidioso quando o pastor se esquece de sua condição de ovelha. A adulação, o poder, e o status podem cegar até o mais dedicado dos líderes espirituais. Quando um pastor começa a se ver como indispensável, infalível ou superior, ele perde a essência de seu chamado. A humildade é substituída pela arrogância, e o serviço se torna uma plataforma para o ego.
Nesse contexto, vemos pastores que, em vez de guiar o rebanho, usam o púlpito para promover suas próprias agendas. Suas pregações deixam de ser um reflexo da Palavra de Deus e se tornam discursos carregados de opiniões e interesses próprios. Eles se tornam mais políticos do que pastores, mais celebridades do que servos.
E as ovelhas? Muitas vezes, elas ficam desorientadas, confusas e até mesmo feridas. Elas olham para seus líderes e veem hipocrisia, manipulação e abuso de poder. Isso não é pastoreio; é uma traição ao chamado sagrado de cuidar das almas.
A igreja, como corpo de Cristo, deve estar alerta a esses desvios. Deve haver espaço para questionamento, para transparência e para prestação de contas. Um pastor que se recusa a ser questionado, que se esconde atrás de sua autoridade, está se afastando do modelo de Jesus, que nunca evitou confrontos justos e sempre agiu com transparência e amor.
Portanto, sejamos uma comunidade de fé que valoriza a verdade, a humildade e o serviço. Que reconhece a humanidade dos pastores e os apoia em suas lutas, enquanto mantém um olhar crítico e vigilante sobre sua liderança. Que jamais esquece que, no fim, todos nós somos ovelhas sob o cuidado do mesmo Bom Pastor, Jesus Cristo.
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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.
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