A vida humana: reflexões sobre seu valor

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Ao lermos a Bíblia, desde Gênesis até o Apocalipse, em nenhum momento encontramos qualquer louvor, seja dos autores bíblicos, dos profetas, ou de Deus, sobre o valor da vida humana. Pelo contrário, a vida humana parece inevitavelmente fadada ao desperdício. Todos estamos destinados ao Lago de Fogo, a Geena, um lugar em Jerusalém onde o lixo era amontoado e incinerado. A vida humana é considerada lixo.

Isso pode doer em muita gente. Talvez o ódio por Deus aumente ainda mais. Afinal, Deus nos criou e permitiu que nossa vida se tornasse um lixo, sem fazer nada.

Não importa o quanto você remoa isso, tente lutar contra Deus, ignore ou odeie, isso não muda nossa condição. Seja você um pacificador ou o pior assassino, o vale de lixo é o lugar que todos merecemos.

Minha intenção aqui não é defender Deus. Não sou capaz disso, e Ele não precisa. Meu objetivo é questionar: o quê, porquê, como e por quem você vive?

Jesus disse que quem quer ganhar a sua vida a perde, e não adianta ganhar o mundo todo e perder a sua psique (alma). Ele passou cerca de trinta anos vivendo como nós, e os últimos três anos de sua vida ensinando a seres humanos a viver como Ele. A chave para isso era segui-Lo, morrer com Ele. Quem quer viver morre, quem aceita a morte vive. O complexo paradoxo da simplicidade divina.

A vida humana caminha para o Lago de Fogo, o incinerador de lixo. Viver não compensa, independentemente do quanto você se esforce. Não há nada que você possa fazer para se tirar da esteira do inferno. A figura do lixo não é plena, pois o lixo se queima e se acaba. Contudo, a alma é perpétua e não se aniquila, mas permanece.

Jesus deu a condição para sair da esteira que conduz à perdição. Ele passou por ela, mas sua alma não estava perdida. Pelo contrário, Ele é o único que não é lixo, que não poderia ser lançado naquele lixão, muito menos ser incinerado, visto que sua vida nunca se perdeu. Ele é o único ser humano que passou por este mundo e teve uma vida que valeu a pena viver, e Ele não a viveu para si, mas para a vontade do Pai.

Cristo não usurpou de sua posição divina para usufruir de regalias ou interesses humanos. Ainda que tentado, suportou; mesmo que humilhado, jamais revidou. Sua missão era abrir o caminho, uma nova porta, que por meio dEle (através dEle e sendo Ele mesmo) nos transportasse do império das trevas para o reino de Deus. E Ele fez isso com perfeição, para que todos que enxergarem a futilidade e desperdício desta vida possam segui-Lo e se livrarem do sofrimento perpétuo.

Cristo não estava nos reciclando. Isso pode ter passado pela cabeça de alguém. De forma alguma. Como já disse, esta vida é total desperdício. Ele nos resgatou para nos dar uma nova vida nEle. Seu objetivo é nos transformar (metamorfosear) e nos tornar algo totalmente diferente do que somos, e que apenas Ele conseguiu ser.

Portanto, não importa se você é inteligente ou iletrado; tem deficiências ou superdotação; é evangélico ou católico, ou de qualquer outra religião; se você é um bom pai ou mãe; se sofreu abusos e injustiças ou se praticou estes. Se não seguir a Cristo, todos somos arrastados, inevitavelmente, para o mesmo lugar de perdição. Afinal, esta vida já está perdida.

Ou vivemos a vida dEle, para Ele, para a glória dEle, logo, morremos nEle, por Ele e para Ele. Ou em breve conheceremos o destino do qual Ele nos quer livrar. Cristo não quer apenas nos livrar da morte, Ele também quer nos livrar desta vida.

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Paulo Freitas

Paulo Freitas

Paulo Freitas é teólogo, filósofo, professor e presbítero. Autista, escreve sobre fé, fragilidade, dor, neurodiversidade e tudo o que nos torna profundamente humanos.

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