A educação, historicamente marcada pela transmissão de saberes acumulados pela humanidade, apresenta-se como um processo capaz de proporcionar experiências significativas àqueles que a ela se submetem. No entanto, questiona-se se tal experiência é realmente garantida apenas pelo acúmulo de conhecimentos ou se depende de algo mais profundo: o sentido que conferimos à educação e o impacto que ela exerce sobre nós.
Sofrer, no contexto educacional, pode ser entendido não apenas como um mero padecimento, mas como uma forma de ser afetado pela educação, uma transformação interior que nos toca de maneira profunda. Nesse sentido, a educação não se resume à simples transmissão de informações ou ao desenvolvimento de habilidades úteis para o mercado de trabalho. Ela deve ser vista como um processo pelo qual nos tornamos um com a experiência que vivenciamos, ao ponto de essa experiência se integrar em nossa própria identidade.
Quando tratamos a educação apenas como um ajuntamento de informações para fins utilitários, arriscamos perder o verdadeiro valor da experiência educativa. Nesse modelo, a educação é reduzida a um meio para um fim externo, onde o conhecimento adquirido serve apenas para realizar tarefas e obter recompensas materiais. Aqui, a experiência não se torna parte de nós, mas algo que utilizamos para atingir objetivos que, em última análise, podem nos alienar de nós mesmos.
Por outro lado, a verdadeira experiência educativa ocorre quando nos permitimos ser afetados, quando nos entregamos ao processo de aprendizado com abertura e sensibilidade. A educação, então, não é mais um ajuntamento de saberes externos, mas uma experiência vivida e sentida, que molda e redefine nossa própria existência. A sabedoria não é mais vista como algo distante, pertencente a outros ou ao passado, mas como algo que se torna pessoal, que se incorpora à nossa identidade e à nossa história.
Nesse contexto, a educação se revela como uma forma de autoconhecimento, um processo no qual nos tornamos não apenas receptores passivos de informações, mas agentes ativos na construção de nosso ser. A história da sabedoria humana, antes vista como algo alheio a nós, passa a ser nossa própria história, enquanto nos tornamos um com o saber que experimentamos. Assim, a educação deixa de ser um processo de mera instrução e se torna uma jornada de transformação pessoal, na qual nos tornamos não apenas mais informados, mas mais íntegros e verdadeiros em nossa essência.
Portanto, o sentido que damos à educação é fundamental. Uma educação que se limita ao acúmulo de informações pode produzir indivíduos competentes em tarefas específicas, mas incapazes de experimentar a profundidade da vida e do ser. Em contrapartida, uma educação que valoriza a experiência, que se deixa afetar pelo saber, tem o potencial de produzir não apenas trabalhadores mais eficientes, mas seres humanos mais completos, cuja sabedoria não é apenas adquirida, mas vivida e encarnada em cada aspecto de suas vidas.
Views: 2
Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.