Introdução
A teologia é o ponto de partida do estudo de um teólogo, mas ser um verdadeiro estudioso das Escrituras e da fé cristã exige muito mais do que um simples conhecimento acadêmico. Envolve um compromisso profundo com a realidade em todos os seus âmbitos: social, cultural, psicológico, ético, político, religioso e epistemológico. O teólogo cristão é um ser do presente, do mundo real, chamado a ser o “bode emissário” de sua época, alguém que conhece a verdadeira situação do ser humano e, mesmo assim, não perde o amor pela humanidade.
O Papel Profético do Teólogo
A teologia não é serva da igreja, embora o teólogo deva ser. A teologia deve servir unicamente à vontade de Deus, comunicando sua mensagem de maneira compreensível aos homens. O papel do teólogo é sempre profético, no sentido de “falar em nome de”. Ele não fala em nome de si mesmo ou de qualquer outra pessoa que não seja Deus. Ao teólogo, como mestre, não cabe ensinar o que a igreja precisa, como faz o pastor, mas é seu dever falar sobre o que a igreja é.
As Correntes Teológicas e Seus Contextos
Não sou totalmente contra as diversas correntes de teologia que surgem, como a “teologia feminista”, “teologia negra”, “teologia LGBTQI+”, creio que elas tem seu lugar na crítica teológica e são importantes em seus contextos específicos. Mas elas não são o reino de Deus, são apenas críticas. No entanto, é preciso entender que a maior parte da teologia existente foi fundada em nome do homem branco e suas invenções de normatividade para seus próprios gostos e interesses, tornando-se assim uma teologia enviesada.
Por isso, precisamos ler a Bíblia em seu texto corrente, respeitando contextos textuais e históricos, respeitando a língua e entendendo costumes, compreendendo mandamentos divinos e trivialidades. Devemos valorizar mais a mensagem central das Escrituras e menos as mensagens secundárias, reconhecendo que toda a Bíblia é a Palavra de Deus e discernindo qual parte é Palavra de Deus para hoje e qual o foi para aquela época.
A Necessidade de Estudo e Dedicação
As pessoas precisam parar de se enganar, pensando que pelo fato de alguém ser convertido à fé cristã e estar em uma igreja há muito tempo, essa pessoa está automaticamente autorizada a falar sobre as Escrituras. Evangelizar é uma obrigação, e compartilhar da fé com os demais irmãos e irmãs é um ato de amor. Mas há assuntos que demandam estudo e dedicação aos textos em língua original da Bíblia, análise documental e pesquisa histórica.
Muitos de nossos pastores e pregadores não possuem a preparação adequada para ministrar ensino ou pregar. Com a separação do seminário e igreja, muitos que se formam em seminários, por pressão, abandonam a sensatez e passam a viver pelo senso comum, ou acabam investindo apenas no academicismo teológico, sem viver uma vida comum de fé. Precisamos urgentemente de uma reforma educacional em nossas igrejas.
A Teologia e a Comunidade Cristã
Você pode até conseguir fazer um curso de Teologia, mas o estudo contínuo é o que te faz um(a) teólogo(a). Não há teologia cristã que se desenvolva fora da igreja local. Tudo o que se faz fora da comunidade cristã se trata de sistemas ou provocações teológicas. Toda verdadeira teologia bíblica tem como finalidade a obra em prol do reino de Deus.
Por isso, a igreja se utiliza dos sistemas e provocações teológicas para compreender o sentido da realidade da fé que cada comunidade local vive e, desse modo, crescer como corpo saudável. Tudo isso acontece por meio do diálogo da fé entre os cristãos verdadeiros na igreja local. Sem diálogo, todo o crescimento é problemático, raquítico e até questionável.
A Teologia e a Instrução
Teologar não é meramente repetir o que outros teólogos disseram. Fazer teologia não é apenas encher-se de informações antigas de teólogos do passado. Precisa haver mais instrução do que informação. Uma mente teológica pode superar o falatório e pensar por si mesma.
Conclusão
O desafio do teólogo cristão contemporâneo é complexo e tem múltiplas faces. Ele deve estar profundamente enraizado na realidade presente, ser profético em sua comunicação, crítico em sua abordagem teológica e comprometido com a comunidade local. Sem esses elementos, a teologia perde seu vigor e relevância, tornando-se uma mera repetição do passado, sem impacto transformador no presente. Como Paulo nos lembra em 2 Timóteo 2:15: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
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Casado com Janaína e pai do Ulisses. Tutor da Zaira (Chow-Chow) e do Paçoca (hamster). Escritor por hiperfoco e autista de nascença. Membro e presbítero da Igreja REMIDI e missionário pelo PRONASCE. Teólogo, Filósofo e Pedagogo em formação. Especialista em Docência do Ensino Superior e em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Meus autores preferidos são: Agostinho, Kierkegaard, João Wesley, Karl Barth, Bonhoeffer, Tillich, C. S. Lewis, Stott e alguns pais da igreja. Meus hobbys são: ler, assistir filmes e séries.