Escatologia: Entre a Esperança Cristã e a Escapismo Teológico
A escatologia, estudo das últimas coisas ou dos eventos finais, é uma das áreas mais fascinantes e, ao mesmo tempo, perigosas da teologia cristã. Ela lida com a consumação da história humana, a volta de Cristo e o destino eterno da humanidade. No entanto, muitos dos desenvolvimentos dessa doutrina, especialmente os que advêm de correntes pentecostais e até mesmo de certos setores reformados, particularmente influenciados pelo evangelicalismo norte-americano, representam um verdadeiro desserviço ao Reino de Deus. Este artigo pretende analisar criticamente a escatologia contemporânea, destacando suas fragilidades, excessos e desajustes teológicos. A Fragilidade da Escatologia Popular É inegável que a escatologia, em sua essência, deveria nos conduzir a uma esperança…
A Era das Narrativas e o Triunfo da Mentira
Estamos vivendo uma época peculiar, onde a capacidade de construir narrativas impactantes tornou-se uma ferramenta poderosa, capaz de moldar realidades e direcionar o curso da história. Mais do que nunca, aqueles que dominam a arte da narração e que melhor manipulam os símbolos e significados da sociedade contemporânea são os que angariam a lealdade de multidões. O que antes acreditava-se ser o auge da democracia – com as redes sociais promovendo um debate amplo e plural – tem revelado, na verdade, uma falácia: em vez de expandir as vozes livres e críticas, elas amplificam frequentemente o autoritarismo e as visões moralistas e legalistas que têm dominado os trending topics. Leia…
Religião e Suicídio: Quando a Fé Não é a Resposta Imediata
O suicídio é um tema delicado e frequentemente envolto em tabus. Um dos mais comuns, especialmente entre os círculos religiosos, é a crença de que a religião pode resolver tudo, até mesmo pensamentos suicidas. No entanto, afirmar que a fé ou doutrinas religiosas são a resposta automática para quem enfrenta crises suicidas pode ser não apenas equivocado, mas perigoso. A confusão que isso gera pode agravar a situação de quem já está em estado de desespero, e o que essas pessoas menos precisam é de mais incertezas ou pressões espirituais. Leia também: Como Ajudar Alguém com Ideações Suicidas Religiões, em geral, costumam reivindicar a posse da verdade, o que, por…
Jogo Perigoso: Crianças e Cassinos Online
Vivemos em um mundo onde a internet, outrora uma ferramenta revolucionária de informação, rapidamente se tornou o novo playground para as crianças. Mas, como qualquer parque de diversões sem supervisão adequada, esse ambiente virtual está repleto de armadilhas, perigos e predadores disfarçados. O que antes era apenas uma questão de exposição a conteúdos impróprios agora se agrava com a crescente participação de crianças como influencers e, ainda mais preocupante, com o envolvimento delas na promoção de apostas online. Leia também: A Era da Positividade Negativa Não é novidade que especialistas, incluindo psicólogos, educadores e até a polícia, alertam há tempos: a internet não é um lugar seguro para crianças. Assim…
O que NÃO se Deve Fazer na Campanha de Prevenção ao Suicídio
A campanha Setembro Amarelo, dedicada à conscientização e prevenção do suicídio, é um esforço vital para abordar um tema delicado e urgente. No entanto, muitas das ações realizadas em empresas, igrejas e escolas acabam cometendo erros que, longe de ajudar, podem agravar a situação de quem já está vulnerável. Prevenção de suicídio é uma questão que exige sensibilidade, seriedade e, acima de tudo, responsabilidade. O tratamento equivocado desse tema pode afastar quem mais precisa de ajuda e perpetuar estigmas que dificultam o enfrentamento do problema. Neste artigo, discutiremos alguns dos principais equívocos cometidos em campanhas de prevenção ao suicídio e o que pode ser feito para corrigi-los. Leia também: Como…
A Desvantagem Social do Autista de Nível 1
A sociedade contemporânea valoriza, em quase todos os seus setores, a habilidade de socializar. As relações interpessoais, o carisma e a capacidade de estabelecer vínculos rápidos e empáticos são frequentemente vistas como qualidades essenciais para o sucesso. Entretanto, essa expectativa coloca uma pressão injusta sobre pessoas que, por diversas razões, têm dificuldades com a socialização. No caso dos autistas de nível 1, essa desvantagem social é particularmente evidente, especialmente porque há uma suposição generalizada de que, por apresentarem menores desafios visíveis de comunicação em comparação com autistas de nível 2 e 3, devem ser capazes de interagir e se conectar como qualquer neurotípico. Leia também: A Dualidade da Socialização Autista…