• Análise

    Origens e Diferenças: Pelagianismo, Semipelagianismo e Arminianismo

    No campo da teologia cristã, as discussões sobre a natureza do pecado e da salvação têm gerado intensos debates ao longo dos séculos. Entre as principais correntes que influenciaram essas discussões estão o pelagianismo, o semipelagianismo e o arminianismo. Cada uma dessas perspectivas oferece uma visão distinta sobre a condição humana e a necessidade da graça divina. O pelagianismo, proposto por Pelágio, argumenta que o pecado original não afeta a natureza humana e a salvação depende unicamente do livre-arbítrio e dos méritos individuais. Em contraste, o semipelagianismo, defendido por João Cassiano, reconhece a necessidade da graça divina para completar a salvação, embora acredite que o homem pode iniciar esse processo…

  • Neurodiversidade

    Autismo e Comunicação: Minha Jornada

    Frequentemente, sou criticado pelo meu jeito de comunicação, pelo jeito áspero, rebuscado e forte de falar ou escrever. Dizem que estou brigando ou defendendo algo, mesmo quando a circunstância não pede isso. Seja em conversas diárias ou nas redes sociais, essa percepção se mantém. Quando posto ou comento algo, leio e releio até deixar o mais leve possível, mas nunca parece suficiente. Sei a causa disso. O que poucos sabem é que até os 18 anos eu mal conseguia falar com alguém. Não sabia me comunicar. Cerrava os dentes, falava baixo e para dentro, cabisbaixo, e era angustiante. Fui muito indagado pela suposta timidez, caçoavam e diziam que era mentiroso…

  • Neurodiversidade

    A Dualidade da Socialização Autista

    Viver com autismo é viver em um mundo onde a socialização é tanto uma necessidade quanto um desafio contínuo. Para muitos autistas, como eu, a interação social não flui naturalmente; é uma construção mecânica e superficial, uma réplica do que observamos e entendemos ser esperado de nós. A socialização autista pode ser vista como uma performance. Cumprimentos e interações básicas são aprendidos e repetidos, como uma coreografia ensaiada. Estes gestos são necessários para o convívio diário, mas falta-lhes a espontaneidade e o genuíno engajamento que os neurotípicos talvez considerem natural. Não consigo iniciar ou sustentar conversas triviais; simplesmente não sei como fazê-lo de maneira que pareça natural. Quando a conversa…

  • Crônicas

    Oração: Caminho de Relação e Humilhação

    Muitos dizem que a oração é alimento, mas essa é uma metáfora falha. De fato, não há respaldo bíblico para tal afirmação. A oração, na sua essência, é relação, não nutrição. Quando dobramos nossos joelhos e elevamos nossos pensamentos ao Altíssimo, ainda que estejamos também buscando saciar uma fome espiritual, isso não acontece por meio da oração. A oração nos aproxima do nosso Criador. A oração é um convite à intimidade divina, uma conversa profunda entre a criatura e seu Deus. Em João 14:13-14, Jesus nos instrui a pedir em Seu nome, revelando que a oração é mediada por Ele, um canal de comunicação estabelecido pelo próprio Filho de Deus.…

  • oração
    Crônicas

    Oração: O Contraditório Dom da Humildade

    Na quietude da solidão, onde o silêncio é mais eloquente do que as palavras, encontra-se a essência da oração. Ela é a expressão mais íntima de um coração que se humilha perante Deus. É no ato de orar que nos colocamos em nosso devido lugar: seres dependentes, frágeis, em busca do divino. Orar é reconhecer a nossa pequenez e a grandiosidade de Deus. É um momento em que o espírito se curva, não por imposição, mas por um reconhecimento voluntário de nossa própria necessidade. Contudo, há um paradoxo intrínseco na oração. Muitos acreditam que, se não orarem, nada acontecerá. Este pensamento, carregado de superstição, coloca a oração como uma ferramenta…

  • Crítica

    A Hipocrisia Evangélica e a Defesa de uma Heresia Renascida

    Ontem, ao navegar pelas redes sociais, me deparei com uma enxurrada de postagens indignadas de evangélicos. O motivo? Drag queens participaram da abertura das Olimpíadas na França, encenando a icônica Santa Ceia de Leonardo da Vinci. Sim, isso mesmo. Drag queens interpretando uma obra criada por um homem homossexual. E não, não é sobre as Olimpíadas (lembram do Olimpo?) que quero falar, mas sobre a hipocrisia e o ódio destilado pelos evangélicos. Para começar, é essencial entender o contexto da obra original. Leonardo da Vinci, além de ser amplamente aceito como homossexual, criou a Santa Ceia como uma crítica ao cristianismo de sua época. A própria disposição dos apóstolos, todos…