• Crônicas

    Fé em Movimento: além de rótulos

    Navegar pelo mundo das igrejas, denominações e escolas teológicas é como percorrer um vasto oceano de crenças e interpretações. Cada porto oferece uma nova perspectiva, um novo sabor de fé, uma nova maneira de enxergar o divino. Eu, por exemplo, tenho raízes que se estendem profundamente no solo pentecostal, metodista e reformado. Essa mistura não me torna inconsistente, mas sim um mosaico de experiências e conhecimentos. Quando olho para figuras como Calvino e Arminio, Barth e Kierkegaard, Agostinho e Aquino, encontro neles tanto razões para concordar quanto para discordar. Há dias em que me alinho com as ideias reformadas de Calvino, outros em que a teologia arminiana faz mais sentido.…

  • Crítica

    A Farsa Junina Evangélica

    A cada ano, com a chegada do inverno, o Brasil se enfeita com bandeirolas coloridas, fogueiras crepitantes e o aroma inebriante do milho verde. É tempo de Festa Junina, um momento para celebrar a fé, a família, a colheita e, claro, a cultura popular. Mas, para além da alegria contagiante e das comidas típicas, essa época também revela uma curiosa dicotomia: a farsa junina evangélica. Evangélicos, em sua fervorosa fé, condenam a festa junina por suas raízes católicas e pagãs. Argumentam que os santos são adorados, que as comidas são oferendas a ídolos, e que toda a celebração é envolta em idolatria e sincretismo. Mas será que essa narrativa condiz…

  • Filosofia

    Os Estágios da Existência em Kierkegaard

    Introdução Em todas as suas obras, o filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard tece uma tapeçaria rica e complexa sobre a existência humana. Em algumas delas, ele propõe uma jornada fascinante através de três distintos estágios (estádios) da existência: o estético, o ético e o religioso. Cada estágio representa uma maneira diferente de se relacionar com o mundo e consigo mesmo, culminando na busca por uma fé autêntica e transformadora. Neste artigo, embarcaremos pela filosofia existencial de Kierkegaard, utilizando a narrativa de Abraão como guia. Através da análise dessa história bíblica, exploraremos os desafios, as conquistas e as nuances de cada estágio da existência humana. Kierkegaard nos convida a questionar nossas crenças,…

  • Análise

    Paulo a Timóteo, amor “ao” ou “do” dinheiro: uma análise

    Escrevi recentemente um texto sobre a Vida Cristã e as Riquezas e um amigo me enviou uma mensagem dizendo que gostou do texto, porém, me chamou a atenção para que o texto da primeira carta de Paulo a Timóteo 6:10 diz, “amor do dinheiro” e não “amor ao dinheiro” como eu usei em meu texto. A ênfase que ele chamou a atenção é que o amor tem sua fonte de origem no dinheiro. Pedi a ele as referências que ele tinha, pois em minhas referências aparecia “ao dinheiro”, e ele prontamente me encaminhou as que ele possuía com a expressão “do dinheiro”. Foi a partir dessa nossa conversa que quis…

  • Crítica

    A Máfia dos Pastores: Como ir a uma Igreja Aumenta o Roubo de Dízimos

    Recentemente, me deparei com o livro de Yago Martins, A Máfia dos Mendigos: Como a Caridade Aumenta a Miséria. Confesso que o título já me causou desconforto, e ao lê-lo, minha insatisfação só aumentou. É por isso que resolvi escrever este artigo de opinião para questionar e criticar as ideias apresentadas por Martins. Quero deixar claro desde o início que o título que escolhi para este texto, A Máfia dos Pastores: Como ir a uma Igreja Aumenta o Roubo de Dízimos, é uma falácia proposital. Assim como o título do livro de Martins, o meu também visa provocar e chamar a atenção para um debate mais profundo sobre as generalizações…

  • Crônicas

    No Lombo do Pobre: uma crônica da vida

    Vivemos em um país onde a retórica política proclama frequentemente a busca pelo progresso e a ordem. No entanto, para muitos, essa promessa de avanço é apenas uma miragem. A pandemia de Covid-19 trouxe à tona uma realidade cruel: a maioria dos que pereceram eram homen(s), negro(s) e pobre(s). Três características que, infelizmente, definem os invisíveis da nossa sociedade. Os dados não mentem. Mais homens morreram do que mulheres, pois são eles que, em sua maioria, trabalham fora de casa, expondo-se ao vírus diariamente. A cor da pele também se tornou uma sentença. Pessoas negras, pardas e indígenas morreram em proporções significativamente maiores do que os brancos. E a condição…