A Simplicidade Esquecida da Identidade Cristã
A pergunta “Quem sou eu?” ecoa com força não apenas nos corredores da filosofia, mas também nos púlpitos, nos grupos de discipulado e nos corações dos cristãos de todas as idades. No entanto, quando a interrogação é ampliada para “Quem sou eu em Cristo?”, o eco parece mais confuso do que revelador. A cada nova geração, a busca por identidade espiritual ressurge como se fosse uma novidade, e as gerações anteriores, embora já tenham feito essa pergunta, permanecem atentas, temerosas de terem perdido algo essencial no caminho. Leia também: A Medida do Fazer: Crítica e Complementaridade Por que, afinal, continuamos sem uma resposta definitiva? A resposta, ouso dizer, não está…
O Peso da Dor e o Silêncio dos Cúmplices
Há uma diferença abissal entre vitimização e a simples narração do sofrimento. Vitimização é quando alguém, de forma deliberada ou inconsciente, se coloca perpetuamente no papel de vítima para evitar responsabilidades, manipular situações ou justificar a própria inércia. Mas falar da dor que carregamos, nomear as feridas que nos marcaram, apontar os agressores que nos machucaram — isso não é vitimismo. É sobrevivência. Leia também: O Paradoxo do Desagradável Salvador Quantas vezes o grito do ferido é abafado pelo discurso fácil de quem nunca sentiu o mesmo corte? “Pare de reclamar”, “supere”, “isso é vitimização” — frases que, não raro, saem da boca daqueles que ou são os algozes ou…
O Pássaro Não Precisa Explicar seu Voo
Há um pássaro pousado no meu peito. Ele não canta como os outros, não voa no mesmo ritmo, não escolhe os mesmos galhos. Às vezes, ele se esconde quando o mundo fala alto demais. Outras, ele se perde em cantos que só ele enxerga. Mas ele não está errado. Ele só é pássaro de um jeito diferente. Hoje é 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo, e eu queria dizer algo bonito, algo que fizesse você entender. Mas a verdade é que talvez você nunca vá entender de verdade — assim como eu nunca vou entender completamente como é ser você, neurotípico, navegando o mundo com uma bússola…
Dia da Mentira: Entre Teologia e a Alegria Proibida
No princípio, era o Verbo. E o Verbo é a Verdade. Mas, em algum momento da história, alguém decidiu que a Verdade precisava de um dia de folga. Assim nasceu o 1º de abril, o Dia da Mentira (Mas será que foi isso mesmo?), uma data que, para alguns, é pecado; para outros, poesia. E, para muitos evangélicos brasileiros, é uma espécie de abominação moderna. Mas será que rir de uma mentirinha inofensiva é realmente tão grave quanto pregar fake news nos outros 364 dias do ano? Leia também: A Era das Narrativas e o Triunfo da Mentira Na Idade Média, dar risadas já foi considerado pecado. Sim, você leu certo:…
Confissão Pública: Análise do Caso do Pr. Paulo Júnior
Introdução: A Confissão e Suas Contradições O recente vídeo do Pr. Paulo Júnior, no qual ele se declara publicamente arrependido por sua “agressividade”, gerou reações diversas. Alguns o elogiam pela suposta humildade, enquanto outros, como eu, enxergam pontas soltas que merecem uma reflexão mais profunda. A Bíblia nos ensina que o arrependimento verdadeiro (μετάνοια, metanoia) implica em mudança de mente e comportamento (Atos 3:19), e não apenas em palavras. Será que esse caso cumpre com os critérios bíblicos de um genuíno arrependimento? Leia também: A Queda Humana e a Realidade do Pecado Se ainda não assistiu, aqui está o vídeo: 1. A Falta de Especificidade: O Que Realmente Aconteceu? O pastor…
Os Donos da Fé: Monopolização da Cosmovisão Cristã
Introdução: O Dogma como Instrumento de Poder Desde os primórdios da Igreja, a disputa pela interpretação “correta” das Escrituras e a busca pela tem sido uma arena de conflito, onde o poder teológico se confunde com o poder político. Hoje, não é diferente. Um grupo específico, autoproclamado guardião da “verdadeira cosmovisão cristã”, ergue-se como juiz inquestionável da ortodoxia, determinando quem está dentro ou fora dos muros da fé aceitável. Essa elite teológica, muitas vezes vinculada à tradição reformada, opera sob a ilusão de que sua interpretação é pura, objetiva e livre de influências culturais, enquanto todas as demais são contaminadas por “agendas identitárias” ou “viéses modernos”. Mas quem, de fato,…