• A imagem mostra um homem sentado em uma cadeira de dentista, vestindo o avental descartável típico de procedimentos odontológicos. Ele tem expressão séria e parece exausto ou introspectivo, olhando fixamente para a frente, sem sorrir. O ambiente ao redor é uma sala de atendimento odontológico, com móveis planejados, equipamentos clínicos e iluminação suave. A imagem possui um filtro em tons de verde e roxo, dando-lhe um ar estilizado e reflexivo. Essa combinação de elementos transmite uma sensação de desgaste emocional e resistência silenciosa — muito alinhada ao relato de um autista lidando com desafios na saúde bucal.
    Autismo,  Neurodiversidade

    A Odisseia de Um Autista com a Saúde Bucal

    Tudo que diz respeito à dentição sempre foi muito difícil para mim. Desde criança (e sendo autista sem saber), a escovação era um verdadeiro suplício: o simples toque das cerdas nos meus dentes provocava uma dor intensa, quase inexplicável. Por isso, eu simplesmente não escovava. O resultado não tardou a aparecer — uma infância marcada por cáries, dores agudas e um tratamento precoce de canal. Era comum que meus dentes doessem ao menor estímulo, e os problemas bucais me acompanharam até cerca dos 25 anos, com múltiplos canais ao longo do caminho. Leia também: A Dor em Pessoas Autistas Com o tempo, fui desenvolvendo estratégias de sobrevivência: descobri escovas mais…

  • A imagem retrata uma cena solitária em estilo impressionista, com tons pastéis e terrosos suaves. No centro da composição, há uma pessoa sentada sozinha em um banco de madeira, cercada por uma paisagem outonal. As folhas caídas no chão e as árvores de galhos finos ao fundo sugerem um clima de introspecção e melancolia. A luz suave e difusa transmite uma sensação de silêncio e contemplação, enquanto os traços pincelados expressam emoção e profundidade. A imagem evoca o sentimento de isolamento e solidão abordado no artigo, mas também carrega um toque poético e sensível.
    Autismo,  Neurodiversidade

    Solidão: A Realidade Silenciosa das Pessoas Autistas

    A maioria das pessoas sequer imagina — e, em muitos casos, nem quer saber —, mas a solidão que atinge pessoas autistas é uma das formas mais cruéis e silenciosas de sofrimento que existem. Em uma sociedade moldada por ritmos sociais, expectativas de comportamento e códigos implícitos de interação, a pessoa autista muitas vezes se vê à margem, não por escolha, mas por exclusão. O senso comum costuma repetir que “o autista gosta de ficar sozinho”, como se fosse uma opção deliberada, como quem escolhe uma tarde de descanso. Essa crença ignora o fato de que, para muitos autistas, estar sozinho é menos uma escolha e mais uma consequência. A…

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    Esquisito, Eu?

    Dizem por aí que eu “não tenho cara de autista”. Isso sempre me faz rir. Como é mesmo a cara de uma condição neurológica? Será que é como um par de óculos que você coloca e, de repente, todo mundo enxerga o que está na sua mente? Mas se tem algo que ouvi mais do que “você não tem cara de autista” ao longo da vida, é o clássico “você é esquisito”. E eu aposto que se você parar pra pensar, já te chamaram disso também, pelo menos uma vez. Ou, se tiver a sorte de ser como eu, talvez algumas centenas de vezes. Leia também: Esquisito Para Quem? Normatividade…

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    Liberdade Autista: Busca pela Autenticidade

    Se eu pudesse acordar, só por um dia, e ver o mundo como uma pessoa não autista, talvez eu finalmente entendesse como é sentir, pensar e agir num sistema que parece tão estranho para mim. Existe uma sensação de isolamento que acompanha o autista em um mundo feito para os neurotípicos, como se estivéssemos rodando um “sistema operacional” que não se adapta às regras do ambiente. Eu sei que as pessoas são diferentes entre si, mas pesquisas mostram que, de fato, existe uma linha que nos separa — nós, autistas, vivemos em um mundo onde a realidade é interpretada de forma diversa, e nosso “software cerebral” carrega desafios que nos…

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    Esquisito Para Quem? Normatividade e Autismo

    Vivemos em uma sociedade que impõe, de maneira sutil ou explícita, normas sobre como devemos nos comportar, pensar e até sentir. Esta “normatividade social” cria um padrão usado para julgar comportamentos como aceitáveis ou “estranhos”. Para alguém como eu, autista, ser chamado de “esquisito” é uma experiência recorrente. Contudo, a pergunta que me faço é: esquisito em relação a quem ou a quê? Leia também: A Desvantagem Social do Autista de Nível 1 A normatividade social é construída a partir de um consenso majoritário sobre o que é “normal”. Assim, características comportamentais de grupos sociais são generalizadas e cristalizadas como padrões. Alemães e suecos são frequentemente descritos como frios e…