O Evangelho e a Favela: Uma leitura do Texto “Igreja na favela não dá”, de Luiz Sayão
“Quando alguém se converte, muda de vida e sai da favela.”Assim afirmou, com convicção, o interlocutor de Luiz Sayão, no texto publicado em formato de carrossel digital com o título provocativo: “Igreja na favela não dá” (Texto na íntegra no final deste artigo). Diante de tal afirmação, o coração que crê e pensa não pode permanecer em silêncio. Há, sim, elementos de profunda verdade no texto de Sayão — e, com justiça, eles precisam ser reconhecidos. No entanto, há também ambiguidades sérias, falsos silogismos e riscos teológicos que não podem ser ignorados. Pior ainda: há a reprodução inconsciente de um imaginário profundamente elitista e meritocrático que, se não for confrontado…
Halloween e Reforma: Meras Tradições
Todo ano, ao chegarmos ao final de outubro, as ruas se enchem de abóboras iluminadas, trajes de monstros e crianças correndo com sacolas à procura de doces. Para muitos, o Halloween é apenas um feriado leve e divertido, onde se pode brincar com o terror e escapar da rotina. Mas há algo mais que marca o dia 31 de outubro: a lembrança da Reforma Protestante, um evento histórico que transformou o cristianismo e deu origem a inúmeras vertentes eclesiásticas e movimentos religiosos. Essas duas celebrações, aparentemente desconectadas, compartilham mais do que se imagina: ambas se transformaram em versões distorcidas de seus propósitos iniciais, agora adaptadas a uma cultura que comercializa…
Quando a Meritocracia Usurpa o Evangelho
No cenário eclesiástico contemporâneo, surgem diversas justificativas para a disparidade financeira entre pastores e suas comunidades, muitas vezes permeadas por uma visão de meritocracia influenciada pelo capitalismo. Recentemente, duas declarações captaram minha atenção, ambas refletindo essa mentalidade de forma preocupante. A primeira alegava que um pastor deve ter seu padrão de vida ajustado ao contexto econômico de sua congregação: pastores em igrejas ricas deveriam viver em conforto e abundância, enquanto aqueles em comunidades pobres estariam condenados a uma vida mais humilde. A segunda justificativa afirmava que é natural que pastores famosos recebam maiores ofertas do que aqueles menos conhecidos, pois o primeiro “trabalhou” por seu sucesso. Essas declarações, à primeira…