• A imagem mostra dois perfis humanos frente a frente, cada um com o cérebro visível. O cérebro à esquerda é azulado, com conexões em tons de laranja e aparência geométrica, sugerindo lógica e estrutura — simbolizando o cérebro autista. O cérebro à direita é em tons quentes, com formas mais orgânicas, representando o cérebro neurotípico. Entre ambos, há uma ponte luminosa conectando suas testas, simbolizando a tentativa de compreensão mútua e o conceito da “dupla empatia”. O fundo é neutro e minimalista, transmitindo uma sensação científica e reflexiva.
    Autismo,  Neurodiversidade

    A Sinceridade Inconveniente da Pessoa Autista

    É curioso como a sociedade prega a importância da autenticidade, mas parece entrar em colapso quando encontra alguém que a pratica em sua forma mais pura. O autista, aquele sujeito que fala o que pensa sem adornos, sem os floreios exigidos pela etiqueta social, acaba sendo tachado de ríspido, inconveniente ou até insensível. O mais intrigante, contudo, é que não são outros autistas que o percebem assim, mas sim as pessoas neurotípicas — ou, como muitos autistas têm preferido chamar, os alistas. Leia também: Autismo: Deficiência e Neurodiversidade A ironia é evidente: o mesmo grupo que defende a empatia como um valor universal parece ter dificuldades em aplicá-la quando a…

  • Autismo,  Crônicas,  Neurodiversidade

    Entre Silêncios, Aprendi a Me Expressar

    Por dezesseis anos, minha voz foi um sussurro dentro de mim. O mundo ao redor pulsava em sons e gestos que eu não sabia traduzir, enquanto dentro de mim as palavras se acumulavam como um rio represado em diferentes “silêncios”. Eu observava, entendia, sentia, mas quase não me comunicava. E não porque não quisesse, mas porque algo dentro de mim bloqueava a ponte entre pensamento e expressão. Era como se eu fosse um estrangeiro em minha própria terra, um viajante sem idioma num mundo onde todos pareciam saber o que dizer e como dizer. Eu falava um pouco em casa, com minha família. Leia também: Autismo e Comunicação: Minha Jornada…

  • Autismo,  Neurodiversidade

    A Desvantagem Social do Autista de Nível 1

    A sociedade contemporânea valoriza, em quase todos os seus setores, a habilidade de socializar. As relações interpessoais, o carisma e a capacidade de estabelecer vínculos rápidos e empáticos são frequentemente vistas como qualidades essenciais para o sucesso. Entretanto, essa expectativa coloca uma pressão injusta sobre pessoas que, por diversas razões, têm dificuldades com a socialização. No caso dos autistas de nível 1, essa desvantagem social é particularmente evidente, especialmente porque há uma suposição generalizada de que, por apresentarem menores desafios visíveis de comunicação em comparação com autistas de nível 2 e 3, devem ser capazes de interagir e se conectar como qualquer neurotípico. Leia também: A Dualidade da Socialização Autista…

  • Neurodiversidade

    Autismo e Comunicação: Minha Jornada

    Frequentemente, sou criticado pelo meu jeito de comunicação, pelo jeito áspero, rebuscado e forte de falar ou escrever. Dizem que estou brigando ou defendendo algo, mesmo quando a circunstância não pede isso. Seja em conversas diárias ou nas redes sociais, essa percepção se mantém. Quando posto ou comento algo, leio e releio até deixar o mais leve possível, mas nunca parece suficiente. Sei a causa disso. O que poucos sabem é que até os 18 anos eu mal conseguia falar com alguém. Não sabia me comunicar. Cerrava os dentes, falava baixo e para dentro, cabisbaixo, e era angustiante. Fui muito indagado pela suposta timidez, caçoavam e diziam que era mentiroso…