• A imagem mostra uma cena subaquática profundamente simbólica e poética: no fundo do mar, repousa uma concha gigante, de aparência realista, com texturas naturais e tons terrosos. Dentro dela, há uma pessoa nua em posição fetal, com o corpo curvado e os braços envolvendo os joelhos, como se buscasse proteção ou consolo. A luz do sol filtra suavemente pela superfície da água, criando um ambiente sereno, silencioso e melancólico. O fundo é de areia clara, sem distrações, reforçando a sensação de isolamento, introspecção e reclusão. A imagem evoca fortemente a ideia de vulnerabilidade, refúgio e esquecimento — uma metáfora visual poderosa da vida de pessoas com deficiência ou em situações de invisibilidade social.
    Neurodiversidade,  Saúde

    A Concha, o Corpo e o Silêncio: Crônica para os Esquecidos do Mar da Deficiência

    “As pessoas se esquecem das criaturas que vivem dentro das conchas”1.A frase passou pelo filme como o vento que atravessa uma cortina leve — quase imperceptível, mas suficiente para causar um estremecer na alma. E ficou. Não como uma lembrança, mas como uma ferida aberta. Uma sentença silenciosa escrita nas paredes úmidas das casas onde moram aqueles que não aparecem, aqueles que não performam, aqueles que não são lembrados porque não conseguem ser vistos. Leia também: Pessoas com deficiência e fé cristã A concha é metáfora, mas também é matéria. Ela é forma, mas sobretudo é existência. Para muitos de nós, ela não é um invólucro descartável. É carne, é…

  • Uma ilustração histórica mostra um homem segurando a Bíblia, rodeado por cenas de pessoas em um cenário que parece ser um povoado. A composição da imagem é multicamadas, com uma cena principal focada em um homem que segura um livro, provavelmente a Bíblia, e várias outras cenas menores intercaladas, representando momentos de vida e atividades em um determinado contexto histórico. A cena principal, com foco no homem que segura a Bíblia, está posicionada no centro da imagem e no primeiro plano, enquanto outras cenas, menores, estão posicionadas em camadas atrás dele, criando uma sensação de profundidade e contextualização histórica. A disposição das cenas cria uma impressão de simultaneidade e de um cenário social amplo. O quadro e o enquadramento da imagem capturam a atmosfera de uma narrativa histórica e social. O principal foco da imagem é um homem adulto, de pele escura, vestindo uma camisa levemente acinzentada. Ele tem uma expressão contemplativa ou séria. Ele está no centro da imagem e focado no primeiro plano. Outras pessoas em diferentes posturas e ações são visíveis nas cenas secundárias, que envolvem atividades diversas, como leitura, oração, cuidados com crianças e trabalho. São retratados indivíduos com diferentes tons de pele e vestindo roupas típicas de uma época, evidenciando a riqueza da diversidade na ilustração. A obra utiliza uma técnica de ilustração realista, com detalhes, cores e texturas bastante expressivos, que denotam uma narrativa histórica e social. As cores da imagem são terrosas e quentes, criando uma atmosfera que sugere o passado. A variedade de expressões faciais, posturas corporais e atividades demonstram a complexidade das cenas retratadas, com o foco central no momento de leitura da Bíblia. O cenário sugere um povoado ou vilarejo, no qual diferentes atividades, como ler e cuidar de crianças, são realizadas simultaneamente. A iluminação é levemente suave, criando uma atmosfera serena e ao mesmo tempo dramática, o que provavelmente enfatiza o significado histórico e social do cenário. As sombras e a luz refletida indicam a presença do sol e a forma como a luz modela as cenas. A paleta de cores enfatiza uma atmosfera histórica, mostrando o uso de cores realistas e representativas de um período histórico.
    Crônicas,  Teologia

    O Mistério de Uma Teologia que Sangra e Canta

    A teologia, por vezes, é sequestrada por laboratórios sem vida. É arrancada da terra molhada pela lágrima do pobre, da calçada onde dorme o esquecido, do altar improvisado da casa de um fiel que ora em silêncio diante da dor. Arrancada, embalsamada e colocada em vitrines douradas de academias onde o verbo não se faz carne, mas papel, rodapé e nota de rodapé. Tornou-se, em muitos círculos, uma ciência dos fósseis, um estudo dos ossos de Deus, como se o Eterno pudesse ser arqueologicamente escavado e catalogado por categorias humanas. Leia também: Teologia é para Gente Cansada Mas a teologia verdadeira… ah, essa não cabe em tratados nem se aprisiona…

  • A imagem retrata um grupo de pessoas envolvidas em atividades agrícolas e intelectuais, evocando um ambiente rural e de trabalho coletivo. No primeiro plano, dois homens estão ajoelhados no solo, plantando mudas com grande atenção e esforço. Um deles veste uma camisa branca arregaçada, demonstrando dedicação ao trabalho braçal. Ao lado, uma mulher segura uma vara ou uma pequena árvore, enquanto outra lê um livro, sugerindo a combinação de conhecimento e prática. No centro da composição, uma mulher vestida de maneira elegante segura um prato e observa a cena com uma expressão serena e contemplativa. À direita, uma figura com um lenço vermelho segura uma cruz de madeira, simbolizando talvez fé ou um elemento religioso, enquanto um homem sentado escreve atentamente em um livro ou caderno, representando o registro do conhecimento ou da administração do trabalho. Ao fundo, a paisagem e o céu carregado de nuvens escuras criam uma atmosfera dramática, contrastando com a luz que ilumina os personagens, destacando seu esforço e propósito. A cena transmite uma mensagem de trabalho, fé e sabedoria, podendo sugerir uma reflexão sobre a relação entre a terra, o conhecimento e a espiritualidade.
    Crônicas

    A Medida do Fazer: Crítica e Complementaridade

    Há uma linha tênue entre o fazer e o julgar. Uma linha que, quando cruzada, revela mais sobre quem critica do que sobre quem é criticado. Quantos de nós, em algum momento, não nos vimos diante do espelho da superioridade, achando que nosso fazer era maior, mais nobre, mais necessário? E, no entanto, quantas vezes esse mesmo espelho nos devolveu a imagem de alguém que, enquanto fazia uma coisa, deixava incontáveis outras por fazer? A vida é um mosaico de ações e omissões. Quem planta uma árvore não está curando um doente. Quem escreve um poema não está construindo uma casa. Quem lidera uma nação não está alimentando um mendigo.…

  • Crônicas

    O Relógio da Alma: Agora e Eternidade

    A vida é uma dança entre o relógio e a eternidade. Enquanto muitos correm em direção a um futuro que parece sempre fugir, eu me encontro parado — não por inércia, mas por escolha — no agora. O agora é meu refúgio, meu templo, meu deserto e meu jardim. É nele que percebo a textura do tempo, não como uma linha reta que nos empurra para frente, mas como um círculo sagrado que nos convida a habitar cada instante com plenitude. Desde criança, eu nunca entendi a pressa dos outros. Enquanto meus colegas ansiavam por crescer, por deixar a infância para trás como se fosse um fardo, eu me agarrava…

  • Crônicas

    Olhos Abertos Também Sabem Orar

    Nunca consegui fechar os olhos ao orar. Não é por falta de respeito, falta de fé ou, como alguns talvez insinuem, rebeldia. É pelo excesso de barulho. Não o barulho do mundo lá fora – esse eu já aprendi a tolerar. É o som contínuo, insistente, que reverbera dentro da minha cabeça. Pensamentos, imagens, fragmentos de frases, memórias, vozes sem som, tudo se agitando como se o silêncio fosse impossível. E é justamente isso que me impede de fechar os olhos. Porque, ao fechá-los, parece que tudo aquilo ganha mais força. A escuridão vira um palco, e as vozes se tornam espectadores prontos para aplaudir o caos. Então, mantenho os…

  • Crônicas

    Dias Nublados e Memórias Afetivas

    Há um encanto secreto nos dias nublados, uma espécie de abraço silencioso que o céu nos oferece quando as nuvens se fecham sobre o mundo, abafando o excesso de luz e calor. Nesses dias, sinto que o tempo se aquieta, as horas se tornam mais lentas e há uma suavidade no ar, como se o mundo inteiro respirasse em sincronia com meu corpo. Quando as nuvens se espalham pelo céu, criando um teto de sombra, algo em mim desperta. Sinto-me mais leve, mais presente. A luz difusa não agride meus olhos, o calor não sufoca minha pele. O sol, embora escondido, parece entender que há momentos em que seu brilho…