Uma Crítica à Monocultura das Conversas
Há uma teoria popular e repetida à exaustão — “política, religião e futebol não se discutem”. Ironicamente, é sobre isso que mais se discute. Parece até que esses três eixos se tornaram os únicos sustentáculos do diálogo cotidiano, como se fossem as últimas colunas em pé de uma civilização falida em repertório. O que era para ser evitado se tornou o prato principal, e qualquer outro assunto, se não orbitando ao redor desses temas, é descartado como irrelevante, chato ou intelectual demais. Leia também: Conversas: Entre o Respeito e o Ruído O problema não é falar de política, religião ou futebol, mas reduzir toda possibilidade de conversa a esses três…
Um Autista Brincando de Futebol: Minha Experiência
Tentei brincar de futebol. Houve uma época em que me interessei muito por futebol. Sabia tudo sobre os clubes, seleções e jogadores. Tinha álbuns de figurinhas e passava horas estudando cada detalhe. Futebol tornou-se um verdadeiro hiperfoco para mim. Decidi que queria jogar. No futebol de rua, dois contra dois, eu começava a brincar, mas de repente saía no meio da brincadeira e ia embora. As outras crianças pararam de me escolher. Não era culpa delas; eu, literalmente, não sabia brincar. Na escola, já maior, entendia que não deveria sair no meio do jogo. Então, fui jogar. A única coisa que eu via enquanto jogava era a bola. Não enxergava…