Uma Festa Para Quem Nunca Foi Convidado
Há um tempo do ano em que as luzes brilham mais forte e as mesas se tornam mais fartas. Pode ser o Natal, pode ser o Ano Novo, ou aquela festa especial da igreja, com decoração caprichada, pratos saborosos e cadeiras reservadas para quem já faz parte do nosso círculo. É bonito, é alegre, é até emocionante. Mas me pergunto: quantas dessas cadeiras foram oferecidas aos que nunca são lembrados? Leia também: A Verdadeira Vocação da Riqueza no Evangelho Quando Jesus falou sobre o Reino de Deus, Ele não usou a imagem de uma reunião fechada para os amigos de sempre. Ele falou de uma festa. E não qualquer festa,…
A Verdadeira Vocação da Riqueza no Evangelho
Na longa e fascinante história da fé cristã, há um fato que não pode ser ignorado: pessoas com posses materiais sempre estiveram presentes no meio do povo de Deus, não como senhores opressores ou como detentores de privilégios religiosos, mas como servos, mordomos e cooperadores da obra de Cristo. Desde o ministério terreno de Jesus até a igreja primitiva, homens e mulheres abastados entenderam que a fé que os alcançou não queria apenas seus corações, mas também suas mãos, seus lares e seus bens. Leia também: Entre A Cruz e a Prosperidade Os Evangelhos relatam com simplicidade e profundidade o papel de mulheres como Joana, esposa de Cuza, administrador de…
Fofoqueiros do Reino: A Santa Arte de Espalhar o Verbo
Dizem que o mundo gira, mas a fofoca voa. E não adianta fazer cara de santidade: todo mundo, em algum momento da vida, deu aquela esticadinha no ouvido pra saber da vida alheia. Uns chamam de curiosidade, outros de “preocupação pastoral”, mas a verdade é que o ser humano tem um radar afiado pra novidade — principalmente quando não é sobre si mesmo. Agora, imagine só se esse dom auditivo e linguístico fosse redirecionado. Já pensou em usar a fofoca como ministério? Calma, não estou propondo heresia, mas sim teologia. Sim, senhor. A Teologia da Fofoca. É ousado, eu sei. Mas também é bíblico — dependendo do que se anda…
Entre a Cruz e os Grilhões: A Escravidão e a Ambivalência Histórica do Cristianismo
Introdução A escravidão foi uma das instituições mais cruéis e persistentes da história humana. Entre os séculos XV e XIX, milhões de africanos foram arrancados de suas terras e submetidos a uma existência de servidão, violência e desumanização. O que causa perplexidade é o fato de que, durante grande parte desse período, o Cristianismo — a religião do Deus encarnado como servo — foi usado tanto para justificar quanto para combater a escravidão. Este ensaio propõe uma análise teológico-histórica dessa ambivalência, comparando as justificativas oferecidas por católicos e protestantes, tanto a favor quanto contra a escravidão. A partir disso, refletimos sobre a relação entre fé e poder, Bíblia e ética,…
O Reino Que Não Cabe em Suas Prateleiras
Há quem insista em colocar Deus e seu Reino em caixas. Caixas com etiquetas sofisticadas: “Aqui habita o Deus evangélico”. Ou, quem sabe, “Deus, versão católica, agora com sete sacramentos”. Tem também quem prefira embalagens mais exóticas, com liturgias em latim, em hebraico ou em línguas angelicais. Cada qual tenta capturar Deus em seus frascos de doutrinas, credos e confissões. Leia também: Hakuna Matata e o Reino de Deus Mas há um problema. Deus não cabe. Nem nas caixas, nem nas prateleiras. Na verdade, ele nem sequer frequenta esses corredores. O Eterno não é evangélico, não é católico, nem ortodoxo, nem pentecostal, nem reformado. A bem da verdade, Deus nem…
O Peso do Fazer e o Esquecimento do Ser
Acordamos com pressa, dormimos com culpa. O tempo, esse senhor inflexível, nos arrasta como se fosse dono da nossa alma. Vivemos entre planilhas e postagens, entre tarefas e metas, entre agendas lotadas e cafés apressados. A vida, dizem, é movimento. Mas que tipo de movimento é esse que não nos permite parar? Leia também: A Medida do Fazer: Crítica e Complementaridade Na modernidade, a essência da vida foi sequestrada pelo fazer. Tudo gira em torno do produzir. Produzimos conteúdo, resultados, filhos, festas, memórias instantâneas — e esquecemos que viver não é uma função executiva. Tornamo-nos engrenagens bem lubrificadas de uma máquina que nunca para. O sistema nos sorri com dentes…