• A imagem mostra o interior de uma fábrica do século XIX, com estrutura de madeira e engrenagens grandes movendo máquinas a vapor. Há vários operários, todos homens, vestidos com roupas típicas da época — camisas de mangas arregaçadas, coletes e boinas — trabalhando de forma concentrada. O ambiente é sombrio, iluminado parcialmente por feixes de luz que entram pelas janelas altas. No fundo, penduradas na parede, há duas imagens religiosas emolduradas, sugerindo um elemento de fé no meio do trabalho pesado. O chão está coberto por palha ou fibras vegetais, e o ar parece denso com fumaça e vapor das máquinas. A atmosfera transmite esforço físico intenso, cansaço e um toque de devoção silenciosa.
    Artigo,  Sociedade

    A História da Dor: Entre a Cruz, o Mercado e o Silêncio

    Ao longo da história da humanidade, uma constante atravessa impérios, religiões, sistemas econômicos e correntes filosóficas: nós sofremos, a dor é real. Sofremos no corpo, na mente e na alma; sofremos na guerra e na paz; sofremos na abundância e na escassez. Cada época trouxe seus próprios tipos de dores, e cada indivíduo enfrentou — e ainda enfrenta — seus próprios “demônios”. Leia também: O Peso da Dor e o Silêncio dos Cúmplices O que muda, no entanto, é como a sociedade interpreta e lida com esse sofrimento. Nem sempre existiu o conceito de vitimização. Nas sociedades antigas, lamentar-se publicamente não era, via de regra, bem-visto. A dor, quando exposta,…

  • A imagem mostra uma balança dourada de dois pratos. De um lado, há uma miniatura de um prédio clássico de universidade, com colunas na entrada, jardins e arquitetura acadêmica. No outro prato, há uma miniatura de uma igreja com torre e cruz, representando a religião. A balança está equilibrada, sugerindo uma comparação simbólica entre os conceitos de universidade e religião no contexto de doutrinação, pluralidade e fé. O fundo é neutro, destacando os elementos principais sem distrações.
    Artigo,  Sociedade

    A Falácia da Doutrinação das Universidades

    Vivemos em um tempo marcado por discursos prontos, geralmente moldados por bolhas ideológicas, onde palavras como “doutrinação” são lançadas como dardos para demonizar instituições e desacreditar o saber crítico. Um dos alvos preferidos dessa retórica tem sido a universidade pública, acusada de ser um centro de “doutrinação esquerdista”. Porém, antes de aceitar tais acusações, é fundamental entender: o que é, de fato, doutrinar? E quem mais doutrina: a universidade ou a religião? O termo universidade carrega em si a noção de pluralidade. O próprio nome revela sua vocação: um universo de pensamentos. Ali se estuda arte, filosofia, ciência, religião, tecnologia, culturas e suas contradições. É o espaço da divergência, da…

  • Uma imagem simbólica que retrata a dualidade do autismo como deficiência e neurodiversidade. Pessoas diversas, representando o espectro autista, estão unidas sobre uma ponte de peças de quebra-cabeça, simbolizando a conexão e a inclusão. Ao fundo, um cenário urbano monocromático contrasta com padrões vibrantes e coloridos que refletem a singularidade da neurodiversidade. O céu apresenta uma transição de nuvens escuras para uma luz radiante no horizonte, simbolizando os desafios enfrentados e a esperança de um futuro mais inclusivo.
    Artigo

    Autismo: Deficiência e Neurodiversidade

    O ano de 2024 chegou ao fim trazendo angústias e retrocessos significativos para a comunidade autista. Agora, em 2025, o cenário continua preocupante, apontando para uma direção ainda mais desafiadora. Entre as situações mais alarmantes esteve a possibilidade de exclusão das pessoas com autismo de nível 1 de suporte da lista de beneficiários do Benefício de Prestção Continuada (BPC-Loas). Isso, por si só, já representa um ataque direto aos direitos de uma parcela significativa de nossa população. Como se não bastasse, também foi retirada a cadeira de representação das pessoas autistas no CONAD, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, na minuta mais recente. Claramente, essas medidas indicam…

  • Sociedade

    O Mito do Racismo Reverso

    A branquitude dominante, em sua busca incessante por perpetuar o poder, criou uma ficção perversa: o racismo reverso. É uma invenção que, embora absurda, ganhou ressonância entre aqueles que se sentem ameaçados pelo simples ato de questionamento. Esses defensores do poder histórico, em sua engenhosidade para distorcer a realidade, comparam uma ironia lançada por uma pessoa negra a um branco ao peso histórico e sistêmico do racismo. Uma comparação desonesta, tosca, mas cuidadosamente articulada para manter a supremacia intacta. Há uma fantasia elaborada nessas mentes, que insistem em enxergar o desconforto de ouvir verdades como o mesmo que sofrer a opressão secular. Os poderosos, quando confrontados, armam-se de sua fragilidade…

  • Crônicas

    O Merthiolate que Não Arde e a Sociedade que Não Sente

    Na prateleira do tempo, há quem sinta saudade de uma época onde o merthiolate ardia. Esses, nostálgicos do desconforto, parecem lamentar a perda de uma dorzinha que, para eles, fazia a diferença entre a infância e o hoje. O que me espanta é o carinho com que abraçam essa lembrança, como se aquele ardor fosse uma espécie de rito de passagem, um batismo de fogo que validasse o sofrimento e, por conseguinte, a maturidade. Crescemos com a ideia de que o sofrimento molda o caráter, de que a dor é uma ferramenta indispensável para esculpir uma vida digna. Não nego que a dor tem sua função; ela ensina, alerta, amadurece.…