• A imagem mostra o interior de uma fábrica do século XIX, com estrutura de madeira e engrenagens grandes movendo máquinas a vapor. Há vários operários, todos homens, vestidos com roupas típicas da época — camisas de mangas arregaçadas, coletes e boinas — trabalhando de forma concentrada. O ambiente é sombrio, iluminado parcialmente por feixes de luz que entram pelas janelas altas. No fundo, penduradas na parede, há duas imagens religiosas emolduradas, sugerindo um elemento de fé no meio do trabalho pesado. O chão está coberto por palha ou fibras vegetais, e o ar parece denso com fumaça e vapor das máquinas. A atmosfera transmite esforço físico intenso, cansaço e um toque de devoção silenciosa.
    Artigo,  Sociedade

    A História da Dor: Entre a Cruz, o Mercado e o Silêncio

    Ao longo da história da humanidade, uma constante atravessa impérios, religiões, sistemas econômicos e correntes filosóficas: nós sofremos, a dor é real. Sofremos no corpo, na mente e na alma; sofremos na guerra e na paz; sofremos na abundância e na escassez. Cada época trouxe seus próprios tipos de dores, e cada indivíduo enfrentou — e ainda enfrenta — seus próprios “demônios”. Leia também: O Peso da Dor e o Silêncio dos Cúmplices O que muda, no entanto, é como a sociedade interpreta e lida com esse sofrimento. Nem sempre existiu o conceito de vitimização. Nas sociedades antigas, lamentar-se publicamente não era, via de regra, bem-visto. A dor, quando exposta,…

  • Crônicas

    As Cicatrizes de Deus e Sua Beleza Eterna

    Há marcas, cicatrizes, que o tempo não apaga. Há dores que não se dissolvem no esquecimento da eternidade. E, estranhamente, há feridas que se tornam glória. No centro da história, entre a cruz e o túmulo aberto, permanece um Deus que não esconde suas cicatrizes. As mãos atravessadas por cravos, o lado rasgado por uma lança, e quem sabe… talvez ainda as marcas dos açoites desenhando sulcos na pele ressuscitada do Filho. Leia também: Encontrando o Deus com Deficiência (tradução) O Deus onipotente não quis ser um Deus sem marcas. No corpo glorificado de Cristo não há ausência de dor passada, há memória redentora. A eternidade agora tem um rosto…

  • A imagem mostra um homem jovem sentado em uma poltrona verde-oliva, com expressão séria e postura introspectiva, em um ambiente acolhedor iluminado por uma luminária de chão. Atrás dele há um grande espelho com um impacto no centro, gerando rachaduras que se espalham em forma circular, simbolizando fragmentação ou crise interior. Ao lado do espelho há uma planta em vaso e, ao pé da poltrona, uma pilha de livros — incluindo volumes antigos que remetem à filosofia e à teologia. A composição visual sugere um momento de reflexão profunda, autoconhecimento e busca por sentido.
    Saúde

    Por Que Faço Terapia: Entre a Razão, a Fé e a Dor

    Vivemos em uma época marcada por paradoxos. De um lado, nunca se falou tanto sobre saúde mental; de outro, nunca estivemos tão doentes emocionalmente. O sujeito contemporâneo, pressionado pelas exigências do desempenho, do consumo e da constante comparação nas redes, carrega um fardo psíquico que o adoece silenciosamente. Diante disso, é legítimo e urgente perguntar: sob qual ponto de vista é justificável que eu — ou qualquer um — faça sessões de terapia, busque ajuda psiquiátrica e se preocupe com a saúde mental? Leia também: Problemas da Teoria dos Quatro Temperamentos A psicologia responde de forma clara: corpo e mente não são entidades separadas. Somos integrais, e tudo o que…

  • A imagem retrata um homem de aparência sofrida, com expressão de dor e introspecção. Ele tem cabelos escuros, barba e marcas de ferimentos no rosto e no peito, que parecem ser cicatrizes recentes. Seu torso está parcialmente descoberto, envolto por um pano simples, e suas mãos tocam suavemente as feridas no peito, sugerindo um gesto de autoafirmação ou reflexão sobre sua dor. A iluminação dramática destaca seu rosto e corpo contra um fundo escuro, criando um efeito de chiaroscuro que reforça a atmosfera emocional da cena. No lado direito da imagem, sombras projetadas na parede parecem formar figuras humanas, o que pode simbolizar uma presença invisível ou um conflito interno. A estética da obra remete a uma representação artística clássica e realista, possivelmente inspirada em imagens de Cristo após a crucificação, evocando temas de sofrimento, redenção e humanidade.
    Crônicas

    O Peso da Dor e o Silêncio dos Cúmplices

    Há uma diferença abissal entre vitimização e a simples narração do sofrimento. Vitimização é quando alguém, de forma deliberada ou inconsciente, se coloca perpetuamente no papel de vítima para evitar responsabilidades, manipular situações ou justificar a própria inércia. Mas falar da dor que carregamos, nomear as feridas que nos marcaram, apontar os agressores que nos machucaram — isso não é vitimismo. É sobrevivência. Leia também: O Paradoxo do Desagradável Salvador Quantas vezes o grito do ferido é abafado pelo discurso fácil de quem nunca sentiu o mesmo corte? “Pare de reclamar”, “supere”, “isso é vitimização” — frases que, não raro, saem da boca daqueles que ou são os algozes ou…

  • Ensaios

    Senhor, Ensina-me a Usar Minha Doença

    “Senhor, como no momento da minha morte, me encontrarei separado do mundo, nu de todas as coisas, apenas diante de vossa Presença, para responder à vossa Justiça por todos os movimentos do meu coração, fazei-me considerar nesta doença como uma espécie de morte, separada do mundo, nua de todos os objetos de meus apegos, somente diante de sua presença para implorar de sua misericórdia a conversão do meu coração; e que eu tenha extrema consolação por Vós” (Blaise Pascal). Introdução A fragilidade humana nos confronta com a realidade de nossa dependência de Deus. Para muitos, a doença é um inimigo, algo a ser vencido a qualquer custo. No entanto, para…

  • Artigo,  Ensaios

    O Inferno como Não-Lugar: O Lago de Fogo

    Introdução O conceito do inferno é um dos temas mais desafiadores e controversos da teologia cristã. Muitas vezes imaginado como um lugar de tormento físico e eterno, o inferno — ou, mais precisamente, o lago de fogo — pode ser analisado sob uma perspectiva filosófica e teológica distinta, que o identifica não como um lugar concreto, mas como um não-lugar. Este artigo propõe uma análise densa e crítica sobre o tema, desconstruindo as noções tradicionais do inferno e explorando suas implicações metafísicas e espirituais. Baseando-se nas Escrituras e na teologia sistemática, discutiremos seis pontos fundamentais sobre a natureza do inferno, sua relação com a eternidade e o papel de Deus…