Quando o Setembro Amarelo Desbota
O calendário avança, e com ele setembro se despede, levando consigo as campanhas, os cartazes e os discursos que pintam o mês de amarelo. O amarelo que ilumina as consciências sobre uma realidade sombria: o suicídio. Mas é um amarelo que desbota, que se esvanece com a folhinha virada no último dia do mês. Como se a dor também pudesse ser arquivada, como se o sofrimento humano pudesse obedecer aos ciclos do calendário. Em setembro, as igrejas falam, as escolas se mobilizam, as empresas organizam palestras, como se, por algum instante, o mundo parasse para prestar atenção naqueles que, em silêncio, gritam por ajuda. E então o mês se vai,…
O Merthiolate que Não Arde e a Sociedade que Não Sente
Na prateleira do tempo, há quem sinta saudade de uma época onde o merthiolate ardia. Esses, nostálgicos do desconforto, parecem lamentar a perda de uma dorzinha que, para eles, fazia a diferença entre a infância e o hoje. O que me espanta é o carinho com que abraçam essa lembrança, como se aquele ardor fosse uma espécie de rito de passagem, um batismo de fogo que validasse o sofrimento e, por conseguinte, a maturidade. Crescemos com a ideia de que o sofrimento molda o caráter, de que a dor é uma ferramenta indispensável para esculpir uma vida digna. Não nego que a dor tem sua função; ela ensina, alerta, amadurece.…
A Depressão e a Fé dos Gigantes Cristãos
Introdução A história da Igreja é rica em exemplos de homens e mulheres que, apesar de sua profunda fé, enfrentaram batalhas internas intensas, incluindo a depressão. Este artigo explora a vida de seis cristãos influentes — Charles Spurgeon, Martinho Lutero, C.S. Lewis, William Cowper, John Bunyan e Madre Teresa — e como suas lutas com a depressão moldaram não apenas suas vidas pessoais, mas também seus ministérios e suas contribuições teológicas. Em cada um desses casos, a depressão não foi apenas uma sombra na alma, mas também um instrumento que, paradoxalmente, aprofundou sua espiritualidade e compreensão de Deus. 1. Charles Spurgeon: O Príncipe dos Pregadores e o Vale da Sombra…
Sombras da Alma: A Depressão de Spurgeon
Introdução Charles Haddon Spurgeon é amplamente reconhecido como um dos maiores pregadores cristãos de todos os tempos. Conhecido como o “Príncipe dos Pregadores”, seu legado inclui milhares de sermões, livros, e instituições que continuam a influenciar o cristianismo até hoje. No entanto, por trás de sua figura pública robusta e eloquente, Spurgeon travava uma luta intensa e pessoal com a depressão. Este artigo explora essa batalha, examinando como sua depressão afetou sua vida, seu ministério e sua teologia, e como ele transformou seu sofrimento em empatia e inspiração para aqueles que também enfrentavam dores profundas. Quem Foi Charles H. Spurgeon? Charles H. Spurgeon nasceu em 19 de junho de 1834,…
Apoiar na Depressão: Responsabilidade e Limites
Em tempos de campanhas como o Setembro Amarelo, muito se fala sobre a importância de estar presente para aqueles que enfrentam a depressão e outros transtornos mentais. No entanto, precisamos fazer uma reflexão crítica: estamos realmente preparados para essa responsabilidade ou estamos apenas seguindo uma tendência social? É comum vermos nas redes sociais e em campanhas publicitárias o incentivo para que as pessoas coloquem seus números de telefone à disposição de quem precisa conversar. A intenção é louvável, mas há uma pergunta crucial que precisa ser feita: você entende realmente o que está fazendo? Depressão não é uma questão simples de resolver com algumas palavras de apoio. Trata-se de uma…
Suicídio: Quando a Dor Silencia
Aqueles que nunca sentiram o peso insuportável de viver, comumente caem no erro de acreditar que alguém que pensa em suicídio escolhe conscientemente considerar essa opção. É uma suposição trágica, carente de empatia, que ignora a realidade devastadora enfrentada por quem carrega essa dor. Quando a mente é tomada por pensamentos suicidas, não há escolha entre viver e morrer. Há apenas a dor, e com ela, a urgência de encontrar uma maneira de silenciá-la. O pensamento suicida não surge como uma decisão, mas como a única resposta visível à aflição insuportável. Não existem bifurcações nesse caminho; existe apenas um túnel escuro em que a única luz parece ser a saída…