• A imagem mostra o interior de um templo com arquitetura antiga e iluminação dramática. No centro, há uma cruz com Cristo crucificado, iluminada por um feixe de luz vindo do alto. À frente dela está uma arca dourada ornamentada. Em volta, um grupo de pessoas vestidas com roupas religiosas observa em silêncio; algumas seguram bandeiras de Israel. O ambiente é solene e sombrio, remetendo a uma pintura no estilo de Rembrandt.
    Crítica

    A Identidade Distorcida da Fé Tupiniquim

    A igreja evangélica brasileira vive uma curiosa crise de identidade histórica e teológica. Não sabe se é Israel ou se é Roma. E, no meio desse limbo, tenta ser ambos — um híbrido improvável entre o judaísmo veterotestamentário e a Idade Média eclesiástica. É um caso fascinante de anacronismo espiritual, uma viagem no tempo que ignora dois mil anos de cristianismo para estacionar entre Moisés e Tomás de Aquino, sem jamais chegar a Cristo. Leia também: A Sombra do Dominionismo: Desvendando a Teologia do Domínio no Brasil O flerte com o judaísmo antigo já se tornou um relacionamento sério. É o amor platônico da igreja brasileira. Uma paixão que não…

  • A imagem mostra o interior de uma fábrica do século XIX, com estrutura de madeira e engrenagens grandes movendo máquinas a vapor. Há vários operários, todos homens, vestidos com roupas típicas da época — camisas de mangas arregaçadas, coletes e boinas — trabalhando de forma concentrada. O ambiente é sombrio, iluminado parcialmente por feixes de luz que entram pelas janelas altas. No fundo, penduradas na parede, há duas imagens religiosas emolduradas, sugerindo um elemento de fé no meio do trabalho pesado. O chão está coberto por palha ou fibras vegetais, e o ar parece denso com fumaça e vapor das máquinas. A atmosfera transmite esforço físico intenso, cansaço e um toque de devoção silenciosa.
    Artigo,  Sociedade

    A História da Dor: Entre a Cruz, o Mercado e o Silêncio

    Ao longo da história da humanidade, uma constante atravessa impérios, religiões, sistemas econômicos e correntes filosóficas: nós sofremos, a dor é real. Sofremos no corpo, na mente e na alma; sofremos na guerra e na paz; sofremos na abundância e na escassez. Cada época trouxe seus próprios tipos de dores, e cada indivíduo enfrentou — e ainda enfrenta — seus próprios “demônios”. Leia também: O Peso da Dor e o Silêncio dos Cúmplices O que muda, no entanto, é como a sociedade interpreta e lida com esse sofrimento. Nem sempre existiu o conceito de vitimização. Nas sociedades antigas, lamentar-se publicamente não era, via de regra, bem-visto. A dor, quando exposta,…

  • A imagem mostra cinco pessoas ajoelhadas em oração dentro de um ambiente simples e escuro, iluminado por uma luz quente e suave que lembra o estilo de Rembrandt, com forte contraste entre luz e sombra (chiaroscuro). Composição e posição: As pessoas estão dispostas em semicírculo, todas com as mãos juntas em gesto de oração. Expressões: Há concentração, devoção e serenidade nos rostos, transmitindo uma sensação de introspecção e espiritualidade profunda. Ambiente: O espaço é modesto, com paredes de madeira, uma pequena janela à esquerda que deixa entrar luz natural e uma vela acesa sobre um banco, reforçando o clima contemplativo. Trajes: Roupas simples, de tons terrosos e neutros, reforçando a ideia de humildade e universalidade. Detalhes adicionais: Há um livro sobre uma mesa pequena à direita, sugerindo estudo ou meditação religiosa, e o foco da iluminação destaca os rostos e mãos, criando dramaticidade e intimidade na cena.
    Ensaios,  Teologia

    Os Cinco Serviços de Todo Cristão: Contra a Hierarquia e a Idolatria do Clero

    A história do cristianismo está profundamente marcada por disputas de poder, pela construção de castas espirituais e pela tentativa de estabelecer uma escada de “maiores” e “melhores” dentro do corpo de Cristo. O que começou como uma comunidade de iguais, reunidos em torno do Cristo ressuscitado, se converteu, ao longo dos séculos, em uma instituição estratificada, onde poucos mandam e muitos obedecem, onde uns pregam e outros apenas escutam, onde alguns são vistos como especiais e os demais são reduzidos a espectadores da fé. Leia também: A Síndrome do Pavão na Igreja Contemporânea Historiadores da igreja, como Justo González, lembram que o processo de clericalização foi gradual: no início, a…

  • A imagem mostra uma Bíblia aberta sobre uma superfície escura, iluminada por um feixe de luz dourada que desce do alto, destacando suas páginas. Pequenas partículas luminosas flutuam dentro da luz, criando um efeito de aura ou reverência, simbolizando a presença e a revelação divina. O contraste entre a escuridão ao redor e o foco de luz na Bíblia sugere a ideia de conhecimento, verdade e espiritualidade que emanam da Palavra de Deus.
    Artigo,  Teologia

    O que Podemos Dizer Sobre Deus: Entre o Silêncio Humano e Sua Palavra

    Vivemos cercados de discursos sobre Deus. São sermões, livros, canções, fóruns acadêmicos e até debates televisivos. Cada um apresenta um “Deus” a seu modo — ora austero, ora permissivo; ora distante, ora intimamente próximo. Mas, diante de tanta pluralidade de vozes, surge uma pergunta inevitável: o que realmente podemos dizer sobre Deus que seja verdadeiro? Leia também: Sola Caritas: O Supremo Amor de Deus “Quem é este que obscurece o meu conselho com palavras sem conhecimento?” (Jó 38:2). Deus interrompeu Jó com essa pergunta, lembrando-lhe que nem mesmo o justo sofredor, com toda sua dor e sinceridade, estava apto a falar sobre o Criador sem antes ouvir o próprio Criador.…

  • A imagem mostra uma Bíblia aberta sobre um mapa antigo, evocando a era do colonialismo. Ao redor da Bíblia, repousa uma corrente de ferro enferrujada, simbolizando a escravidão. A luz dourada que ilumina a cena vem da lateral superior direita, criando um contraste simbólico entre a opressão representada pela corrente e a liberdade e fé simbolizadas pela Bíblia. A composição sugere uma tensão entre o uso da religião para justificar a escravidão e seu poder libertador quando lida à luz do Evangelho. É uma imagem altamente simbólica e representativa de debates históricos, teológicos e éticos sobre o papel do cristianismo na escravidão.
    Ensaios,  Sociedade

    Entre a Cruz e os Grilhões: A Escravidão e a Ambivalência Histórica do Cristianismo

    Introdução A escravidão foi uma das instituições mais cruéis e persistentes da história humana. Entre os séculos XV e XIX, milhões de africanos foram arrancados de suas terras e submetidos a uma existência de servidão, violência e desumanização. O que causa perplexidade é o fato de que, durante grande parte desse período, o Cristianismo — a religião do Deus encarnado como servo — foi usado tanto para justificar quanto para combater a escravidão. Este ensaio propõe uma análise teológico-histórica dessa ambivalência, comparando as justificativas oferecidas por católicos e protestantes, tanto a favor quanto contra a escravidão. A partir disso, refletimos sobre a relação entre fé e poder, Bíblia e ética,…